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[Conto] Eu sou a Espada

07 agosto 2010

perdeu o início? leia aqui.


Eu sou a Espada - Felipe


Pela primeira vez duvidei. Ainda não sei como fui perde-la, nem mesmo sei como ela pode significar tanto para mim, mas significa e eu percebo que não consigo viver sem ela. Estou paralisado, não consigo continuar a me mover para frente, porque não consigo enxergar o que há na minha frente. Tudo que eu quero é te-la de volta, isso tornaria as coisas mais fáceis, mas ninguém nunca disse para mim que as coisas seriam fáceis, e eu ainda não sabia nem de longe como isso iria piorar.

Se eu soubesse o que me aguardava eu teria agido diferente? Realmente não sei se teria forças para isso, isso realmente não importa agora. Tudo o que sei é que não posso mais continuar sem ela. Tudo o que sei é que pela primeira vez duvido de minha missão. Pela primeira vez não consigo seguir em frente. A dor me dominava e mal sabia eu como isso ainda iria piorar.


Capítulo 9 - Na Capela

9.1 Chorando


Nada faz sentido
Não tenho como continuar
Não com essa dor que sinto agora
Essa dor que sinto em meu peito
Essa dor que está me consumindo
Essa dor que posso sentir me corroer até o osso
Preferiria morrer, mas sinto que isso não acontecerá
Que coisa mais cruel é a vida
Que coisa mais cruel é a perda

Foi o que gritei na igreja enquanto Ian tentava me consolar. Foi dramático e improvisado, mas foi o que senti e queria tirar de dentro de mim à força. Ian tentava me consolar de todas as formas, minha dor o machucava tanto quanto a mim mesmo. O sentimento de impotência era a pior coisa para ele até que ele falou:

Estou aqui
Garanto que vai passar
Para o bem ou para o mal
Vai passar
No fim haverá um amanhã
Amanhã você estará melhor
Amanhã a dor vai passar
Para o bem ou para o mal
Vai passar

Foram as palavras dele. Realmente me acalmou, não pelas promessas, mas sim por ele estar ao meu lado, apesar de tudo. Apesar de não concordar com o que eu estava fazendo e o que ainda pretendia fazer.

A perda não mudara minha mente, mas eu não sabia o que fazer. Não queria continuar antes de recuperá-la, na verdade não queria fazer nada antes de recuperá-la. Estaria eu desistindo? Abrindo mão de tudo por ela? Tudo bem que ela não sabia que eu era o Templário, mas isso não ajudaria em nada. Vamos dizer que a opinião dela sobre o justiceiro não era das melhores, e vamos dizer que isso é um eufemismo.

O tempo foi passando e os meus soluços foram ficando mais espaçados. Minha respiração foi voltando ao normal e no fim eu quase estava parando de chorar, quase. Não que a dor tivesse ido embora ou diminuído, mas ao menos agora eu podia pensar. Era como se a dor saísse do palco principal da minha mente e estivesse descansando nos bastidores, só esperando a hora de voltar à ação.

Foi mais ou menos nessa hora, em que achei que as coisas iriam melhorar que eu ouvi o primeiro disparo.


9.2 Tiroteio


Depois do primeiro vieram muitos outros. Me escondi atrás dos bancos e pude ver dois homens da máfia entrando na igreja. Tive a sensação de que não fora visto e era nela que eu iria apostar todas as minhas fichas. Fiquei escondido até que eles chegassem perto o suficiente. Assim que eles estavam a um passo de me ver pulei de trás do banco e agarrei a arma de um deles, enquanto o usava de escudo humano para que o outro não me atingisse.

A disputa pela arma foi acirrada, mas em um movimento rápido eu acertei uma cabeçada nele e rapidamente atirei no que esperava uma chance de atirar em mim. Quando estava se recuperando da cabeçada o capanga que eu segurava se assustou com o disparo imprevisto e me deu outra oportunidade. Acertei um chute entre suas pernas e segurei a arma. Pela sua expressão acredito que ele iria começar a implorar para não ser morto, mas não lhe dei essa oportunidade. Um tiro rápido na cabeça fez com que ele fechasse os olhos para sempre.

Assim que terminei lembrei de Ian, que estava na casa paroquial. Os dois homens que eu acabara de matar foram varridos da minha mente enquanto eu saía em disparada para ver meu amigo.

Entrei na casa e percebi que havia falhado assim que o vi caído no chão da sala.

- Ian!

Me abaixei e o peguei nos braços. Ele abriu os olhos e me fitou por um segundo.

- Felipe. Que Deus esteja com você em todos os momentos meu filho.

- Ian...

Então ele fechou os olhos novamente e não disse mais nada. Estava morto. A culpa era minha. Certamente a máfia descobrira algo sobre mim de alguma forma e viera me pegar. Não sei onde eu posso ter errado, mas não queria pensar nisso agora. Ian estava morto e isso já era mais do que eu podia lidar.

Seria esse o sinal que eu pedira? O sinal de que eu deveria continuar? O sinal que eu estava esperando? Se era um sinal, também era um castigo certamente. Um castigo por ter duvidado, mesmo que por poucos momentos. Não me era dado o direito de amar, afinal eu era um guerreiro. Acreditar que eu tinha esse direito fora um erro, mas duvidar de minha missão quando a justiça fora feita certamente fora meu maior erro e era por ele que eu estava sendo punido agora. Ian morrera por minha culpa.

Isso não aconteceria de novo. Eu estava com os olhos abertos agora. Eu era a espada e seria a espada até o fim, sem mais dúvidas. Sem mais perdas.

Depois de algum tempo pude ouvir sons de passos. Eles ainda estavam na casa. Não sabia o que havia acontecido, mas aparentemente eles ainda procuravam por mim. Deixei Ian onde estava e me escondi atrás de uma parede até que as vozes ficassem altas o suficientes para eu poder ter certeza que vinham do mesmo cômodo em que eu estava.

Sai de onde estava e aproveitando o efeito surpresa atirei rapidamente em três capangas que caíram inertes no chão. No fim mirei para o último e hesitei por um momento. Era Johnny. Nos encaramos por um breve momento e quando finalmente iria atirar, ele saiu correndo, talvez pelo susto de ver seus capangas mortos ou para me conduzir à uma armadilha. Não me importei com nada, corri o máximo que pude atrás dele.
Algumas quadras depois consegui alcançá-lo.
- Parado Johnny!
Eu tinha minha arma apontada para as suas costas e não erraria o tiro. Vingaria Ian. Ele vagarosamente levantou as mãos e se virou. Quando tinha seus olhos em mim falou calmamente.
- Adeus, garoto.
Nesse instante pude ouvir um tiro às minhas costas, ao mesmo tempo que senti minha perna arder. Fora atingido de raspão. Era uma armadilha afinal. Ainda restava um deles. Aparentemente eu apontar uma arma para o chefe dele fez com que atirasse de uma distância maior do que seria ideal., com isso ele acertou apenas de raspão. Minha perna começou a queimar irritantemente, mas isso não me impediria agora.
Não iria atrás desse capangazinho que me acertara, nem atrás de Johnny. Acreditava saber para onde ele iria no final. Ele iria para onde o chefão estava. A mansão de Don Vito.E se ele iria para lá, eu também iria.
Corri para despistar o atirador e o consigliere e acredito que eu tenha feito um bom trabalho, pois não encontrei com nenhum dos dois. Cheguei a mansão sem problemas. A encarei antes de entrar. Aqui era o fim de minha jornada, mas agora a justiça não mais importava tudo que eu queria era vingança.
Sim, eu sou a espada. A espada da vingança.


9.3 O Fim do meu Caminho

Tudo é tão simples, a segurança é forte, mas eu treinei muito tempo para isso. Consigo passar por tudo: câmeras, seguranças, alarmes, trancas. Tudo que foi colocado em meu caminho foi inútil. Nada era capaz de me deter. Minha vingança estava cada vez mais próxima.
Até que eu abri a última porta e o encontrei, ele esperava por mim sabia que eu viria cedo ou tarde. Don Vito, o homem que mandou matar Ian, o homem que corrompeu a cidade inteira, iria pagar por tudo que fizera.
- Bem vindo Templário. Ou prefere que eu te chame de Felipe?
Então ele sabia que era eu, em algum momento desconfiou de mim e agora que eu vim após a morte de Ian ele não tinha mais dúvidas. Não havia também o que esconder, então calmamente eu retirei a máscara e ele pode ver meu rosto.
- Tem idéia do que me custou garoto? Suas brincadeiras me obrigaram a tomar medidas extremas. Me obrigaram a deixar essa cidade. Johnny já não está mais aqui, meus negócios já não estão mais aqui, todo meu poder foi movido de território, mas eu fiquei aqui esperando você.
- Estou aqui Don. Vim aqui para te matar. Tinha planos para acabar com toda a organização, eu acabaria com tudo, mas não sei como fui descoberto antes, mas isso não importa não é? Afinal estamos frente a frente agora, como eu sabia que um dia estaríamos.
- Sim rapaz estamos frente a frente. Você parece não fazer idéia de onde se meteu. Parece não saber que esse caminho não tem volta.
- Claro que sei, já fui avisado mais vezes do que gostaria sobre isso. Não me importo que tudo acabe aqui para mim, tudo que me importa agora é terminar o que comecei.
Nesse momento ele sacou um revolver. O mais rápido que pude eu saquei minha faca e corri para cima de Don Vito com todas as minhas forças.
Quando nos chocamos ele desequilibrou e caiu para trás e eu fui junto com ele. Tudo que eu ouvi foi o som de nossos corpos batendo no chão, seguido de um barulho muito alto e nesse momento enterrei a faca no peito dele o mais fundo que consegui.
Nessa hora tudo ficou escuro e eu sentia sangue escorrer em minhas mãos. Era o sangue do Don? Eu vencera? Eu não sabia. Não importava. Era chegada a hora de descançar. Finalmente era o fim de meu caminho. No fim, de uma forma ou de outra, eu pude descançar.
Foi mais ou menos nesse momento que o mundo silenciou, ao menos para mim.

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2 comentários:

pauline disse...

o conto é bem legal tem expiração machadiana

Anônimo disse...

Muito boa a sua escrita, parabéns!!!!!!!Estou ansioso para ler o próximo cápitulo.

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