[conto] O Coração Voador - Coração I: O Aprisionador

O Coração Voador

Coração I : O Aprisionador

Um dia a muito tempo atrás existiu uma garota que tinha o Coração que voava. Voava alto e estava sempre nas nuvens. Passeando. Viajando.

“Coração desça aqui coração.”

“Sim, sim Garota. Estou aqui.”

“Essa semana temos dois bailes para ir coração. Será que encontraremos nosso par?”

“Não sei garota... não sei...”

Havia a Dúvida no coração, o que acabou por confundir a Garota. No fim os dias passaram com Garota pensando no seu par e a Dúvida se instaurando no interior do Coração.

“Senhora Dúvida... o que há de errado?” - dizia o Coração.

“Não sei não sei. O que poderia ser? Será que está acontecendo algo de errado? Tudo é tão incerto. Estaria você apenas vendo coisas? Não sei não sei. Está acontecendo algo errado?”

Como podem ver a Senhora Dúvida não era uma boa conselheira, e ainda não o é hoje em dia. Com essas conversas a Dona Incerteza chegou para fazer compania a Senhora Dúvida. E o Coração dizia.

“O que há de errado?”, ao que a Senhora Dúvida perguntava.

“Há algo errado? Não sei não sei.” e a Dona Incerteza finalizava

“Acharemos o par da Garota? Será?”.

Realmente a espera não foi boa.

***

A Garota e o Coração foram ao baile no fim dos dias de espera, que transcorreram aconselhados pela Senhora Dúvida e pela Dona Incerteza.

O baile estava caminhando tranquilamente para o seu fim segundo após segundo, até que aconteceu o que o coração mais temia. Garota deslizava pelo salão ao som da música. Coração deslizava pelos céus no mesmo ritmo de Garota. E nesse momento Garota viu o Homem. Por causa da compania da Senhora Dúvida e Dona Incerteza Garota não ouviu o seu Coração gritar “Não vá Garota! Cuidado!”. De nada adiantou. Garota cruzou o salão na direção do Homem. O Homem cruzou o salão em direção a Garota. No meio do salão ela cumprimentou ele. Ele cumprimentou ela. Ela estendeu a mão para ele. Ele segurou a mão dela. E dançaram o resto do baile.

Garota não percebeu no momento, mas não creio que isso teria mudado algo. O Homem possuía um coração aprisionador. O Aprisionador viu Coração. Viu como ele era livre. Viu como voava alto. E sentiu inveja. E sentiu raiva. Por fim lançou-lhe as correntes da raiva e os grilhões da inveja. O Coração foi atado ao chão, não podia mais voar, suas asas foram amarradas. Aprisionadas. O Aprisionador se sentiu feliz. Vitorioso.

Nesse mesmo instante em que o Coração era subjugado pelo Aprisionador a dança terminava e o Homem tomava Garota em seus braços e dava-lhe o beijo que selaria o destino de Garota e seu Coração.

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