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[Conto] Irmãos - Felipe e Anna

20 junho 2010

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Capítulo 6 - Anna e Felipe

6.1 Novo Trabalho

Fui levado até o casino para conversar com o meu contato. Seu nome era Vinicius, era o traficante responsável pelas vendas dentro do casino e nos arredores.

Na verdade a máfia não traficava drogas, apenas aceitava dinheiro para deixar que fossem vendidas nas suas propriedades e territórios. Algum qualquer, como eu, ficava responsável por pegar a maleta e levar para outro empregado da máfia que iria separar o dinheiro, a maior parte iria ser gasta em pagamentos de propinas e a outra parte seria "lavada" e depositada em uma das várias contas da máfia.

Era muito pouco provável que esse negócio fosse ligado ao Don, já que mesmo que eu fosse preso não poderia incriminá-lo diretamente. Nem eu nem os traficantes tratamos diretamente com ele e no fim a conta em que ele era depositado não aparentava ter nada haver com Don Vito. Isso sem falar claro que o juiz que fosse julgar o caso já estaria previamente comprado, assim como o júri.

Ele me explicou tudo o que eu precisava saber, não que fosse grande coisa, na verdade era tudo bem simples: levar a maleta de um ponto ao outro. Não ser seguido, não ser morto como o último ocupante do cargo e o mais importante não perder a maleta. Realmente bem simples.

Antes de ir dei uma volta pelo casino apenas para manter o disfarce.Não que seja algo complicado de se fazer. É bem fácil, não preciso nem mesmo me policiar para isso. Tudo que preciso fazer é conversar, ser gentil, sorrir bastante, rir nas horas certas e fazer rir algumas vezes também, se esquivar de discussões, já que, até onde sei, isso não leva ninguém a nada, concordar sempre por mais errado que a pessoa esteja, afinal as pessoas não estavam ali para ter aulas de nada. Era tudo absurdamente simples. Sempre achei incrível que ninguém percebesse a minha vontade contida de matar todos aqueles criminosos, toda aquela escória da sociedade.

Estava quase indo embora quando a vi ali parada. Era Anna e estava linda. Fui até ela e a abracei, nos beijamos e dissemos "oi". Estava com ela finalmente, depois de toda aquela tensão na conversa com Johnny, depois de entrar para a máfia e assumir meu novo trabalho, eu estava com ela. Nada mais importava, queria sair daquele lugar e passar o resto da vida com ela e queria isso agora mesmo.

- A senhorita aceitaria jantar comigo?

- Seria um grande prazer.

E após dizer isso sorriu. Como seu sorriso era lindo. Sempre que o via sentia uma incontrolável vontade de abandonar minha missão, desistir de toda aquela loucura de entrar para a máfia e ter uma vida normal e feliz como qualquer outra pessoa, mas infelizmente não era isso que o Senhor pensava sobre o meu futuro e eu ainda precisaria enfrentar algumas tormentas antes de poder descansar. O caminho até Anna era longo, mas eu o percorreria passo por passo até o final.

Demos as mãos e nos dirigimos para a porta do casino. Quando estávamos prestes a passar pela porta eu vi Johnny se afastando tentando se esconder atrás das pessoas que circulavam pelo salão. Ele era realmente perigoso. Tenho certeza que estivera me seguindo, mas isso não era problema já que não havia feito nada de incomum, nada que ele pudesse desconfiar. Sinceramente não me importo mesmo que tenha visto, afinal eu estava com ela e nada mais importava.


6.2 Conversamos

Sabe quando você está com alguém que faz com que você deseje que o tempo não passe, mas por algum motivo os ponteiros relógio parecessem andar mais rápido? É assim que me sinto com Anna. Foi assim que passou aquela noite, quando eu me dei conta já era hora de terminar o jantar. Realmente isso é algo injusto.

Terminamos e fomos para a igreja. Eu iria apresentá-la a Ian. Nesse momento aconteceu algo inesperado:

- Tenho uma boa notícia que não te contei ainda.

- Então me conte, já estou curiosa.

- Consegui um trabalho, um trabalho excelente na verdade.

Ela sorriu e me abraçou.

- Sou o novo homem da maleta de Don Vito.

Nesse momento eu senti seus braços amolecerem e escorregarem pelo meu pescoço. Não pude ver, mas pude imaginar seu sorriso sumindo aos poucos enquanto processava a notícia. O que havia com ela?

Ela se afastou de mim e me encarou com uma expressão séria no rosto, em seus olhos eu podia ver medo, mas não pude saber de que. Estaria com medo de mim ou medo pelo que poderia acontecer comigo?

- Não Felipe. Não faça isso. Não se envolva com essa gente. É perigoso e errado.

Não sabia o que dizer, eu concordava com ela, mas tinha de esconder isso.

- Amor é uma grande oportunidade e eu não preciso fazer nada de mais, nada de errado.

- Mas um dia terá de fazer, um dia eu olharei para você e não conseguirei te ver, não da maneira que vejo hoje.

Eu começava a me preocupar ela repudiou a ideia mais do que eu poderia imaginar.

- Não vai ser assim amor, claro que não.

- Vai. Vai sim. Uma vez lá dentro não haverá volta.

Uma vez lá dentro não haveria mais máfia, isso era o que eu queria dizer a ela, mas não podia. Ela fez uma pausa e quando voltou a falar suas palavras foram as mais duras possíveis.

- Saia agora enquanto ainda temos a chance, diga que não quer mais ou nós não poderemos continuar juntos.

- Anna. Eu não posso fazer isso.

- Então você já fez sua escolha Felipe.

Assim que terminou essa frase ela se virou e saiu andando. Parecia triste, mas eu certamente estava muito mais.Não sabia o que fazer ou o que pensar, não consegui me mexer nem para ir atrás dela. Até que ela parou e falou antes de ir embora.

- Se um dia você conseguir sair. Eu ainda estarei esperando.

E foi embora, essas foram suas últimas palavras antes de me deixar lá parado, sozinho. Nesse momento começou a chover. Eu continuei em direção à igreja de Ian, ao menos na chuva ninguém pode ver minhas lágrimas enquanto eu caminhava.


6.3 Pensamentos

Nunca me foi permitido ser fraco.
Nunca me foi permitido errar.
Não que isso fosse mudar alguma coisa agora.
Nada disso realmente importa agora.
Estou cansado. Realmente cansado.
Não quero mais continuar essa caminhada. Não posso mais. Não sem ela.
Pela primeira vez eu repensei meu caminho.
Não sei o que fazer. Realmente não sei mais.
Nada disso realmente importa agora.
Tudo o que quero é descansar.
No final do meu caminho, de uma forma ou de outra, descansarei.

Depois do momento de dúvida consegui me recompor e segurar as lágrimas que insistiam em correr por meu rosto. Nesse momento eu rezei e disse assim ao Senhor:
Senhor.

Entrego meu caminho a ti. Que o senhor tudo faça, pois nesse momento sinto que já perdi toda a esperança. Me deixe ser o instrumento, a espada, se for isso mesmo que queira. Que o Senhor seja o meu caminho.

Amém.

Terminada a oração fiquei na igreja com Ian esperando uma resposta. Mal sabia eu que a resposta viria e seria mais dolorosa do que eu poderia pensar.

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1 comentários:

Anônimo disse...

muito emocionante amor ate chorei com o poema mil bjus t amo

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