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[Conto] Irmãos - O Homem da Maleta

12 junho 2010

perdeu o início? leia aqui.

Capítulo 5 - O Homem da Maleta

5.1 Carta

“Felipe,

a máfia está atrás de nós. Fique atento, não faça nenhuma besteira. Espere a poeira baixar.
Abraços do seu irmão. Roberto.”

Não acredito. Meu irmão me mandando recados preocupado com a máfia atrás de nós. Será que ele acha que eu não estou preparado para lidar com isso? Será que ele pensa que eu não previra a situação? Se eu estivesse certo a qualquer momento um enviado da máfia ira me chamar para me tornar o novo homem da maleta, mal sabendo eles que eu havia sido o algoz de último empregado. Tonny havia sido apenas um meio para conseguir o que eu queria, não gostava disso, mas essa era a verdade. O Senhor estava do meu lado e não me abandonaria agora.

Quando estivesse dentro da máfia conseguiria a confiança de quem fosse preciso e no fim tiraria do caminho Vito e Johnny. Esse seria um golpe muito grande para eles e nesse momento de fraqueza seria possível acabar com toda a organização. Eu iria destruí-la por dentro e eles nem sabiam o que estava por vir.

Eu era tão bom ator que conseguira chegar até aqui sem nenhum arranhão. Exceto pelo tiro de raspão que meu irmão me acertara algumas semanas atrás. Ninguém desconfiava, mas meu irmão me dizia via carta que corríamos perigo, que tipo de perigo? Eu não havia deixado nenhuma pista nenhum rastro. Terei de responder a carta. Pego uma caneta e escrevo o bilhete em resposta.

“R,

que tipo de perigo? Me encontre na igreja do nosso amigo em 3 dias.
Do seu irmão.
F.”

Isso iria servir, não era bom me encontrar tantas vezes com meu irmão policial, mas dessa vez se fazia realmente necessário e importante. O Senhor nos protegeria enquanto nos encontrássemos em Sua casa.

Estranho. Ninguém aparecera ainda, eu tinha de ir para um encontro com Anna ainda essa noite e nada. Provavelmente não poderia dizer a ela que era o mais novo empregado de Don Vito. Era uma pena ter de finjir para ela, mas por enquanto era necessário.

Nesse momento a campainha tocou. Eram eles eu sabia. Deus ainda estava do meu lado.

Abri a porta com minha melhor cara de indiferente.

- Bom dia. Senhor Felipe?

- Sim?

- Venha conosco. Alguém quer conversar com você.

- Certo. Vamos.

Adicionei um tom de insegurança em minha voz. Isso já seria o suficiente por hora. A partir de agora eu precisaria ter muito cuidado com cada gesto meu, cada palavra, cada expressão, até mesmo cada pensamento. Deus estaria comigo e nada sairia errado. Amém.

Tudo seria mais fácil ou mais difícil dependendo de quem tivesse sido enviado para me recrutar. Don Vito certamente não confiava em mim, então não seria ninguém burro. Viria alguém capaz de estudar o nível de confiança que poderiam depositar em mim. A pessoa que eu encontrasse mostraria as intenções do Don. Não creio que eles tenham a mínima idéia que eu seja o Templário, mas se a máfia mordeu a isca teriam várias intenções ocultas por de trás disso. Nunca me iludi que seria apenas por meu bom humor e carisma que eles me chamariam, mas a pessoa que eles enviassem me daria uma idéia do nível de preocupação que eu representava.

Quando chegamos ao local do encontro, um restaurante italiano, minha preocupação aumentou ao máximo. Precisei de muita força para esconder minha surpresa e preocupação e externar somente dúvida.

Na minha frente estava Johnny, o consigliere. O número dois. Se o Don lidasse melhor com pessoas do que ele certamente teria vindo em seu lugar. Ele era a pior pessoa possível que eu poderia esperar. Ele era perigoso, muito mais do que a maioria é capaz de imaginar. Sua leitura das pessoas associada com o raciocínio mais rápido que eu já tive o prazer de encontrar em uma pessoa faziam dele não só um grande oponente no poker, mas também um grande oponente na vida. Rezei para meu Senhor mais uma vez antes que ele iniciasse a conversa.


5.2 Conversamos

Ele fez um breve sinal para que os seguranças saíssem, o que não queria dizer que ele estava realmente despreocupado, apenas que era isso que ele queria demonstrar. Cada gesto seu era pensado e tinha uma segunda intenção escondida, o que não quer dizer que ele não seja completamente honesto em algum momento, quer dizer apenas que ninguém nunca viu isso acontecer.

Ele fez sinal para sentarmos olhou para mim e começou a falar:

- Faz idéia de porque está aqui?

Olhei para ele de volta e pensei em alguma resposta rápida. Dizer o que pensava ou dizer que não sabia de nada? Escolhi a segunda.

- Não. Não esperava acordar de manhã e ser tirado de casa pela máfia.

Sua expressão permaneceu inalterada. Não posso dizer nem se era essa a resposta que ele esperava, mas acredito que essa resposta desse a ele idéias de como conduzir a conversa.

- Dê algum palpite.

Não era uma pergunta ou mesmo um pedido. Então seu plano provavelmente era me forçar a falar muito mais do que ele. Me ouvindo falar ele tiraria as conclusões sobre o que viera investigar, que eu não sabia o que era. Tinha de ter mais cuidado ainda, afinal ele sabia o que queria achar, mas eu não tinha idéia do que deveria esconder. Decidi por arriscar a falar a metade da resposta certa.

- Algo relacionado ao cassino.

- E por que você acha isso?

A sua expressão era de curiosidade, mas eu duvidava que fosse realmente sobre minha opinião, estava curioso sobre algo que não perguntou, mas que talvez eu acabasse respondendo a ele nesse momento. Resolvi voltar à inocência:

- Eu estou sempre lá não é? Não tenho outro tipo de contato com a máfia.

Johnny balançou a cabeça concordando enquanto a sua expressão voltava à completa neutralidade do início de nossa conversa. Não tenho como ter certeza, mas acho ele conseguira algo com minha resposta e pela pergunta seguinte acreditei que não fora o suficiente.

- Você está certo Felipe, é sobre o cassino. Estamos precisando de alguém para o lugar deTonny e você se encaixa no perfil, sendo que parece ser mais esperto que ele, o que é bom. Aceitaria tomar o lugar dele?

O Senhor realmente estava do meu lado. Aparentemente ele queria saber o quão esperto eu era. Esperto o suficiente para não falar demais com o consigliere, mas quão esperto eu seria era o que ele realmente me perguntava agora. Era a pergunta escondida nas vírgulas da pergunta que ele me fizera diretamente. Precisava ser mais cuidadoso agora.

- Ah. Então foi pra isso que me trouxe aqui. Bom é claro que eu aceito.

Mantive a linha inocente e isso pareceu ser o correto já que ele passou para o segundo assunto, talvez o verdadeiro motivo de ter me oferecido o trabalho e certamente o assunto principal.

- Só tenho uma última pergunta. Sobre seu irmão. Ele é policial não é? Isso não seria um problema?

Ele gostaria que eu tivesse mencionado meu irmão por mim mesmo, assim ele poderia fazer mais perguntas despretensiosamente, então era meu irmão a principal preocupação deles.

- Não será problema nenhum, nós quase não temos contato e meu irmão não manda em mim. Tenho certeza que ele não se importará com minhas relações com a máfia.

Tenho certeza também que não era a resposta que ele esperava ouvir e que não faria mais perguntas. Não por acreditar no que eu disse, mas sim por saber que eu não revelaria mais nada naquele momento. Antes da conversa ele achava que eu e meu irmão escondíamos algo, agora depois da conversa que tivemos ele tinha certeza disso.

Ele deu um sorriso e me mandou ir.

- Muito bom então Felipe, fico feliz em ouvir isso. Você é o novo homem da maleta. Um dos rapazes acompanhará você até o cassino para você ver sua nova função. Infelizmente eu estou meio ocupado e não poderei fazer isso eu mesmo. Até mais rapaz.

Ele apertou minha mão e saiu. Fui logo atrás dele e fui levado ao cassino como ele havia dito. Não tinha certeza de quão bom havia sido o encontro. Estava seriamente preocupado com isso. Que Deus me ajudasse em minha caminhada. Durante o trajeto rezei por mim e por meu irmão e mais do que nunca rezava para não falhar.

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