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Conto - Mistérios na Cidade - Capítulo 3

13 agosto 2011


Capítulo 3 Gangues

“Os motoqueiros são uma gangue que só pensa em dinheiro, garotas e brigas. O lutador não consegue contê-los, pois eles são muitos e ele só consegue esmurrar um número limitado de pessoas por noite.

Els cobram pedágio para passar nas áreas que consideram deles, cobram dinheiro por proteção, uma típica atividade mafiosa, e cobram agrados nas festas que vão.

Só que a festa em que estávamos ontem era comandada por outra gangue, os cashers. Chamamos eles assim porque são verdadeiros empresários, festas e drogas são apenas alguns dos negócios deles.

É uma gangue meio secreta. Na verdade todo mundo sabe que existem, mas ninguém sabe ao certo quem está dentro e quem está fora. Tudo indica que JP é um casher e esse tipo de gente não tem amigos, só dão valor ao dinheiro.”



3.1 Início da briga

Paula e Alpha estavam dançando juntos. A garota olhou para JP no momento em que alguém o chamava e lhe dava algum recado que ela não conseguiu escutar, afinal com a música naquele volume não escutava nem os próprios pensamentos, ou talvez isso fosse efeito da bala. Em um instante JP foi saindo com uma expressão mais fechada, preocupada.

Paula cutucou Alpha e falou baixo para que ele pudesse ler os lábios dela ao invés de ouvi-la:

- Problemas. - e apontou para onde JP estava indo.

- Estranho. - ele abraçou ela e foram abrindo caminho em direção ao amigo.

Nem conseguiram falar com JP quando de repente começou a confusão. Eram socos, pontapés, cadeiras e sabe se lá mais o que voando em volta deles. Eles se abaixaram e se olharam em um reflexo, como que para ver se o outro estava bem:

- Onde tá o JP? - os dois perguntaram ao mesmo tempo.

- Não sei. - os dois responderam.

Olhavam ao redor e não o encontravam até que Paula apontou:

- Ali! - ele fugia em uma moto deixando toda aquela confusão para trás.

Ela olhou para Alpha e ele falou bem baixo para que ela pudesse ler seus lábios ao invés de ouvi-lo:

- Fudeu.

3.2 A fuga

Minha avó já dizia que é na hora do aperto que agente conhece as pessoas. Quanto a Paula, Alpha não tinha certeza, mas preferia acreditar que a amiga era fiel. Já quanto a JP os dois agora tinham a certeza de que ele não prestava, mas estou me adiantando.

Logo depois que eles viram JP fugindo a polícia chegou e a confusão, que já era grande atingiu níveis extraordinários, pois a polícia parecia querer prender tanto os motoqueiros quanto as pessoas que só estavam curtindo a festa. Com isso vários motoqueiros começaram a tentar fugir ao invés de revidar e foi nessa que um rapaz caiu de sua moto, nada sério infelizmente, mas causou alguns arranhões. Alpha percebeu a oportunidade de imediato.

- Vamos. - gritou com toda a força ao mesmo tempo em que montava rapidamente. A garota montou na garupa e eles fugiram.

Depois de tantas emoções Alpha a levou para um bar e beberam até amanhecer, para comemorar claro.

3.3 Na Praia

Tomas e Lúcio escolheram um lugar mais interessante do que um bar para passar o resto da noite. Ambos concordaram que a praia era bom para ver o dia nascer, ou talvez Lúcio tenha o convencido sem que percebesse, as duas vertentes são bem possíveis. Não que ele seja uma pessoa sem opinião própria,só que Lúcio é realmente bom com as palavras.

Ele o explicou que aqueles caras eram uma gangue e eram conhecidos popularmente como motoqueiros, a principal fonte de renda deles é o ato de cobrar por proteção. Lúcio acreditava que aquela festa não havia pago aos motoqueiros e após saberem que JP não pretendia pagar a briga começou.

- Eles podem ser bem violentos quando desafiados ou simplesmente se não gostarem de você.

Tomas percebeu rapidamente que não eram caras legais.

- E o que vai acontecer agora?

- O JP, pode ser muito boa pessoa, mas a menos que eu esteja errado é de outra gangue. Os negociantes, como o nome diz a razão de vida deles é ganhar dinheiro. Claro que essa é uma maneira formal de chamá-los, o nome mais usual é casher. Os motoqueiros provavelmente não sabiam disso. Agora meu caro Tomas... vai começar uma guerra. Como nenhum dos dois lados joga muito  limpo... vai ser o caos.

- E o que você acha disso tudo? Lutar por dinheiro enquanto pessoas se machucam...

- O que eu acho disso...

Lúcio olhou para o horizonte e pensou antes de responder.

3.4 Opinião Sincera

“O que eu acho disso... tantas guerras por ai e parece que não aprendemos nada. Falamos mal dos governos por agirem dessa maneira, mas em uma escala menor encontramos pessoas que fazem a mesma coisas que eles fazem no mundo.

E o que você pensa que eles querem? Dinheiro.

As coisas tem o valor que damos a elas Tomas e o dinheiro é a prova disso. É apenas papel, não existe mais lastro, o dinheiro tem o valor que damos a ele, muitas vezes mais valioso que a vida de muitas pessoas. Isso deveria ser impensável, considerar que os lucros vão compensar os prejuízos. O problema que vejo nisso é que no prato do prejuízo estão muitas vidas humanas.

Muitos dizem que a vida é o bem mais precioso, mas é pura hipocrisia, o dinheiro vale mais. Nesses conflitos o valor das vidas é calculado, no caso dos governos em indenizações, e quando você para pra olhar com mais atenção você vê que além da vida humana ter preço... nem é lá um preço tão alto assim.

As coisas tem o valor que damos a elas. Todos deveríamos dar menos valor ao dinheiro e mais valor a vida. De valor a sua vida Tomas, porque senão ninguém mais vai dar.”

3.5 Tranquilidade

- Nossa Lúcio. São opiniões muito fortes.

-Obrigado.

- Você é realmente um filosofo dos novos tempos...

- Não sou não. Apenas tive um bom mestre.

- E quem foi ele?

- Você vai conhece-lo. Daqui a pouco. Está sentindo uma tranquilidade no ar?

- Sim. Estranho, estou bem mais relaxado.

Lúcio se virou e Tomas o imitou. ambos viram uma espécie de monge magro e moreno caminhando na direção deles.

- Bom dia Buda.

- Dia Lúcio.

O que aconteceu depois disso Tomas nunca mais esqueceu.

3.6 O segundo Post

Algumas noites são especiais. Tenho certeza que a noite de ontem foi uma delas e que,por mais que eu viva, jamais serei capaz de esquecer o que aconteceu.

Quando encontrei os motoqueiros acreditei que já tinha um material incrível para o blog, mas certamente eles não são nada comparados ao que aconteceu depois.

Encontrar Buda foi algo realmente incrível e inexplicável, ao seu redor a paz é absoluta e única. Não sei quem ele é, certamente não o Buda das lendas, mas ainda assim alguém especial.

Apenas estar perto dele já teria sido uma experiência inigualável, mas eu ainda tive o prazer de ouvi-lo falar e realmente foi algo inacreditável.

3.7 Buda fala

“Nem sempre percebemos, mas a verdade é que nossos problemas são pequenos se comparados ao tamanho do mundo. Acabamos perdidos em nossos próprios desejos e vontades e não temos nem mesmo olhando em volta para perceber que o mundo inteiro tem problemas, o mundo inteiro precisa de ajuda, mas todos continuam olhando apenas para suas próprias vidas.

O ser humano é tão pequeno, tão pouco se comparado com o todo e ainda quer acreditar que veio ao mundo para realizar seus próprios desejos e ser feliz. Não chegaremos a lugar nenhum dessa maneira.

Somente uma atitude compassiva poderá mudar o mundo. Apenas quando pararmos e pensarmos na pessoa que está ao nosso lado antes de pensarmos em nós mesmos, conseguiremos evoluir. Quando acreditarmos que podemos mudar o mundo apenas mudando nossas próprias ações o mundo mudará e certamente não antes disso.”

Nesse momento ele fez uma pausa e observou o nascer do sol.

“Se o ser humano parasse para observar a grandeza dessa cena mais vezes, então não teríamos chegado ao ponto em que estamos hoje. Infelizmente não é para esse tipo de mudança que estamos caminhando.”

Ele ficou mais um tempo em silêncio, apenas nos fazendo companhia enquanto observávamos o nascer do sol e nesse tempo eu pensei bastante sobre o que ele disse. A paz me envolvia como se ela flutuasse no ar a minha volta.

Até que depois de não sei quanto tempo eu percebi que aquela sensação boa havia desaparecido e que ele em algum momento havia ido embora. Por fim Lúcio falou:

- Viu por que eu nunca consegui ser melhor que ele? Esse sentimento que a simples presença dele deixa no ar sempre foi o suficiente para me fazer calar a boca e escutar.

Depois disso fomos embora e finalmente terminou minha primeira noite.

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