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Conto - Mistérios na Cidade - Capítulo 5

27 agosto 2011

Capítulo 5 - Alpha


Eu havia gostado muito da idéia de Tomas, mas algo me fez mudar de ideia. Teríamos de reagir de maneira agressiva. Não poderia concordar mais em uma gangue não ofensiva. Não depois do que aconteceu naquela noite...

5.1 Comemorando

Estávamos felizes e empolgados com a idéia de reagirmos e tentarmos mudar algo para o bem de todos, logo nada mais justo do que comemorarmos. Resolvemos todos sair à noite, beber um pouco, jogar conversa fora e quem sabe até terminar a noite completamente bêbado, como vinha sendo meu costume nos últimos tempos.

Fui com a Paula para o bar onde iríamos nos encontrar com o pessoal, antes de decidir para onde deveríamos ir. Chegamos no horário, mas não havia ninguém. O S0uL e o Tomas estavam muito ocupados com o site e o Lúcio estava andando pela cidade à procura de possíveis membros. Uma vez que não podíamos mais contar com JP e seus infindáveis contatos, Lúcio era o mais indicado para essa tarefa.

Não tínhamos muito a fazer além de esperar, então pedimos algumas cervejas e começamos a conversar. A conversa entre nós sempre parece fluir muito bem e não foi diferente nesse dia. Ela parecia estar muito curiosa sobre o meu último porre e sobre minhas lembranças daquela noite, que devo admitir, eram bem poucas. Cada vez mais eu tinha a sensação que tinha feito alguma besteira e que se dependesse dela nunca saberia o que havia sido. Preocupante, mas acredito que poderia conviver  com isso, afinal seria apenas mais uma em minha longa lista.

Foi mais ou menos nesse momento que o JP entrou no bar e a nossa comemoração foi interrompida abruptamente.

5.2 Nervosismo

Assim que o vimos começamos a conversar sobre o que fazer e não achamos nenhuma boa solução. Tirar satisfações estava fora de questão. Se ele desconfiasse que tínhamos a mínima suspeita que ele era um Negociante estaríamos com problemas realmente sérios, apesar de sermos seus amigos.

Resolvemos ligar pro Lúcio e ver o que ele achava, afinal ele sempre tinha ideias.

- Alô Lúcio?

- Oi Alpha... eu to com uns probleminhas aqui e não vou poder falar agora... assim que puder te ligo.

- Lúcio agente acabou de ver o JP aqui no bar!

- Fiquem longe desse cara! Pelo menos até eu ligar. Fui.

Ele desligou. Não sei onde ele estava, mas tinha muito barulho em volta e não creio que ele estivesse em uma festa, show ou coisa do tipo. Ele estava com algum problema. Decidi por esconder essa parte da Paula e contei apenas que ele tinha dito para ficarmos longe do JP, ao que complementei com um “vamos embora logo antes que ele nos veja.” Nessa hora ela respondeu:

- Tarde demais. Boa Noite Jota.

- Noite.

Problemas? Eu nem podia imaginar.

5.3 Ponto de Vista

Pretendíamos acabar rapidamente com a conversa e sair dali, mas JP não parecia saber que queríamos fugir de sua compania. Isso era bom, mas ainda assim preocupante, afinal só estava nos tratando bem por estar no escuro. Se desconfiasse de alguma coisa não sei o que aconteceria.

É curioso perceber como uma amizade pode acabar assim tão facilmente, simplesmente por interesses econômicos. Jota valorizava muito mais o dinheiro do que qualquer amigo e isso era inconcebível para nós. Isso fazia com que nós três não pudessemos mais ser amigos, embora JP não soubesse disso ainda. Realmente é curioso como uma amizade pode se tornar impraticável de maneira tão simples, apenas por um ponto de vista um pouco diferente.

- Então, qual é a boa de hoje?

- Nada de mais Jota, acho que agente vai ficar por aqui a noite toda mesmo...

- A então posso me juntar a vocês um pouco?

- Que isso? Achei que você estava indo pra alguma festa.

- Eu vou, mas não agora, sempre arranjo um tempo para os amigos.

- Amigos que você abandonou da última vez.

Isso não iria dar certo mesmo, já começava a perder a paciência e nem tinhamos começado a conversar direito. Os pontos de vista eram realmente opostos. Enquanto isso Paula acreditava que a única salvação seria a chegada de Lúcio, mas ela não sabia ainda como podia estar longe da verdade.

5.4 Saindo

Alpha estava fora de controle e acabaria perdendo a paciência com JP, isso tinha um grande potencial para gerar problemas. Paula estava decidida a fazer alguma coisa. Não sabia exatamente o que mas precisava pensar rápido.

JP respondeu alguma coisa que ela não prestou muita atenção, mas deixou Alpha com mais raiva ainda. Tinha que ser rápida.

- Então JP agente já tá indo, mas foi bom encontrar com você. Vamos Alpha.

- Paula...

Alpha começou a falar, mas a garota puxou ele para perto e tentou falar baixo o suficiente para que o possível negociante não ouvisse.

- Lembra do que o Lúcio falou... esse cara é perigoso... vamos logo.

As palavras da amiga trouxeram o rapaz de volta à razão e ele rapidamente concordou. Se afastaram rapidamente do ex-amigo e saíram do bar. Paula rezando o caminho inteiro para que ele não tivesse escutado nada e não desconfiasse da fuga dos dois.

Claro que nada é tão fácil assim. Quando chegaram na rua, achando que iriam sair ilesos do encontro, surge JP e segura o braço de Alpha. Antes mesmo dos dois olharem para trás ele começa a falar:

- Do que ela estava falando lá no bar? O que Lúcio disse? E mais ainda... por que é que vocês estão fugindo de mim?

- Fugindo? Que isso claro que não Jota, agente tem que ir mesmo... sabe...

A garota não conseguiu completar a frase pois nessa hora chegou Lúcio. Ele puxou a mão de JP do braço de Alpha e o virou para que ficassem um de frente pro outro e assim que isso aconteceu acertou o rosto de JP com um soco tão forte que o derrubou no chão.

Ele aparentemente entendera tudo errado e achou que os dois estavam encrencados. O que era verdade, mas não tão encrencados ao ponto de apelarem para a violência, mas agora tudo indicava que as coisas iriam piorar mais e mais.

- Tire as mãos dos meus amigos... Casher maldito.

Ao ouvir essas palavras o rosto de JP foi lentamente tomado pela compreensão e sua expressão foi aos poucos mudando de surpresa para um sorriso que não era nem um pouco amigável. Na verdade era bem assustador e mostrava que as coisas estavam ficando piores a uma velocidade inesperada.

Foi nesse momento que todos ouviram um disparo e logo depois dele Lúcio caiu no chão e o sangue começou a se espalhar ao seu redor. Os dois ficaram tão paralisados que nem conseguiram gritar, enquanto o vilão se levantava resmungando...

-Casher...

5.5 Escolhas

Ele terminou de se levantar encarou os dois e falou:

- Ela vem comigo rapaz.

- Não. Não. Não.

Alpha só conseguia repetir essa palavra. nada mais vinha à sua mente.

- Sim Alphonse. O que você fará agora? Quem você vai salvar? O tempo está correndo.

- Alpha. Alpha, olha para mim!

Ele mal conseguia se mexer e ela, apesar do que diria agora, não parecia estar muito melhor.

- Ajude o Lúcio. Chame o Tomas e o Soul. Eu vou ficar bem até lá.

- Não acredite muito nisso Paula.

Alpha ainda pôde ver os dois entrando no carro. A garota não parecia ser capaz de fazer muita coisa, estava em choque. Se estivesse mais próximo Alpha veria lágrimas nos olhos dela.

Ele não sabia o que fazer, tinha de pensar rápido, mas naquele momento tudo parecia estar tão longe. Paula sequestrada e Lúcio sangrando no chão ao seu lado. Como as coisas mudaram tão rápido? Eles estavam ali para comemorar.

Ele pegou o celular e ligou. Tomas atendeu no segundo toque. E a voz que ouviu não parecia ser sua.

- Cara. Eu preciso de ajuda.






5.6 Procurando Ajuda

Quando Alpha ligou Tomas e S0uL estavam conversando sobre alguns módulos e rotinas  do Night Crawler que já estavam prontos e sobre coisas que eles ainda viriam a fazer.

Assim que Alpha falou Tomas repetiu para que S0uL também ficasse ciente da situação:

- Que? JP atirou no Lúcio e sequestrou a Paula? Então ele é um Casher mesmo? Entendi. Me espera aí,vai chamando a ambulância. Não sai daí. Até mais.

Os dois se olharam até que Tomas começou a pegar as coisas para sair enquanto falava:

- Você já consegue procurar pessoas usando o que temos pronto?

Ele recebeu uma resposta afirmativa e prosseguiu:

- Quero que você encontre o JP e a Paula e mais duas pessoas para mim.

Ele falou e S0uL se assustou na mesma hora. Fez uma pequena pausa e quando percebeu que era sério respondeu:

- Vai ser complicado, mas é possível.

- Beleza. Me ligue assim que descobrir algo.

Um saiu pela porta e o outro colocou o programa para rodar e esperou.

5.7 Hospital

Tomas chegou ao hospital e foi direto ver Lúcio. Ele já estava no quarto fora de perigo, na verdade a bala não atingira nenhum órgão importante, mas acertara uma veia, o que causou uma hemorragia que foi rapidamente contida no hospital. Assim que chegou ouviu tudo isso de Lúcio, enquanto Alpha estava calado em um canto do quarto de braços cruzados.

Quando a narrativa terminou e Tomas se deu por satisfeito, Alpha começou a sair do quarto sem dizer palavra. Os outros dois trocaram um olhar rápido e cheio de significados e falaram ao mesmo tempo:

- Calma aí cara, aonde você vai?

- Procurar Paula.

Foi tudo o que ele disse antes de cruzar a porta e sumir pelo corredor:
- Tomas, não deixa ele ir embora cara. Eu estava buscando informações hoje mais cedo e... - uma pausa - tudo indica que vai haver guerra hoje, ele não vai conseguir nada sozinho.

- Certo.

Tomas correu e segurou o braço de Alpha na recepção do hospital ainda. O amigo se virou, seu rosto não estava com uma expressão das melhores.

- Cara, não vai. Eu tenho um plano e o Soul está procurando agora mesmo por informações do JP. Espera...

Alpha nunca foi conhecido por sua paciência, mas mesmo assim o rapaz não esperava pelo que aconteceu a seguir. Ele segurou Tomas pela camisa e o empurrou em direção à parede. Estava furioso, não com o amigo, mas acabara descontando tudo nele:

- Você me diz para esperar? Agora que ela está com aquele louco sabe-se lá onde? Você sabe a quanto tempo agente se conhece Tomas. Você sabe que eu não me perdoaria se algo acontecesse e eu não fizesse nada. Se eu apenas ficasse aqui com você e... esperasse.

Ele parecia estar um pouco mais calmo depois de desabafar e foi afrouxando o aperto na gola da camisa de Tomas. Assim que o garoto se viu livre o seu telefone tocou e ele atendeu. Era  S0uL, ele sabia onde Paula estava, mas ainda estava procurando as outras duas pessoas que Tomas pedira. Agradeceu e desligou.

Tomas sabia o que tinha dito a Lúcio, mas tinha o direito de mudar de opinião e acabara de fazer isso.

- Ela está em uma boate. Parece que é um território dos cashers, mas é difícil ter certeza de algo a respeito deles. Tome cuidado Alpha, Lúcio falou que haverá guerra.

Alpha abraçou o amigo que acabara de agredir.

- Obrigado cara.

- Fique tranquilo, eu vou estar logo atrás de você.

Um saiu correndo e o outro pegou o celular para apressar o S0uL, ao mesmo tempo em que as pessoas voltavam a prestar atenção em suas próprias vidas.

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