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Conto - Mistérios na Cidade - Contos Esquecidos III

12 novembro 2011


Contos Esquecidos III - Johnny e Junne

Johnny olhou para o celular e viu que Junne estava ligando. Atendeu. Queria saber quando ele estaria em casa. Não sabia responder, mas disse que quando estivesse voltando ligaria. Ela ficaria esperando.

Estava em uma reunião de negócios. Magno estava propondo a ele e seu amigo João Paulo um negócio. Um negócio excelente. Possuía alguns poréns, mas ainda assim era excelente. Tudo o que os dois precisavam fazer era entrar para uma organização. Uma espécie de clube que se infiltrava por toda a cidade. Eles gostavam de se chamar de Negociantes, mas Johnny já tinha ouvido falar deles por outro nome. Cashers.

A reunião perdurou durante mais algum tempo, até os dois conseguirem mais tempo para pensar. A resposta seria dada no dia seguinte em outra reunião. Essa bem mais curta, já que só possuiria um sim ou um não. Estava em dúvida.

Já João não podia dizer a mesma coisa. Tinha certeza que entraria. Era tudo o que sempre sonhou. Ser parte de alguma coisa. Ser forte e poderoso e rápido. Mesmo que as histórias sobre os Cashers fossem verdadeiras, o que Magno negava. Conversaram um pouco, mas Johnny tinha pressa e por isso se despediram rápido.

Entrou no carro e ligou para Junne. Estava a caminho. Chegaria em vinte minutos, dez se o trânsito ajudasse. Naquele horário sempre parecia que todos os carros da cidade estavam na rua, mas Johnny sabia que aquilo era um exagero. Uma brincadeira de sua cabeça.

Estava com saudades de Junne e não queria estragar tudo falando sobre negócios. Menos ainda sobre os Negociantes. Só que ela não deixou. Mesmo não falando nada ficava fácil ler em seu rosto a preocupação. Pressionou um pouco e conseguiu uma resposta. Sempre conseguia tudo que queria dele e dessa vez não foi diferente. Falou apenas o suficiente e ela deu a resposta que na verdade já estava dentro dele.

“Isso é um negócio, e como em qualquer negócio para se ganhar algo tem de dar outra coisa em troca. O que ele quer em troca? Isso não te incomoda?”

Sim. Isso incomodava muito a ele. Na verdade ele sabia o que daria em troca. Seu silêncio. Sua consciência tranquila. Que fingisse não ver o que os Cashers faziam e, pior ainda, que os ajudasse. Seja lá o que for que eles fizessem. Com essa mistura de atividades lícitas e ilícitas o dinheiro fluía e se misturava. Esse fluxo enriquecia e comprometia a todos os sócios.

Tudo o que você precisava dar a eles era sua consciência tranquila. Só isso e teria muito dinheiro, mais do que seria capaz de gastar na sua vida inteira. Só que isso incomodava à Johnny. Incomodava muito.

No encontro seguinte ele disse não à Magno e assistiu João Paulo dizer sim. Eles não entenderam. Não acreditaram como alguém poderia recusar uma oferta daquelas. Pessoas que só se importavam com o dinheiro nunca entenderiam. Aqueles dois nunca entenderam.

“Você me decepcionou muito filho. Você tinha um grande futuro.”

“Ainda tenho Magno.”

Foi a resposta que Johnny deu a ele rapidamente. Magno se limitou a sorrir. E continuou sorrindo enquanto ele saía. Não se engane. É com um sorriso que seus inimigos o apunhalarão pelas costas. É chorando que eles enfiarão uma estaca em seu peito. É num misto dos dois que colocarão flores em seu túmulo.

Magno preferiu apunhalar Johnny.

No dia seguinte foi se encontrar com Junne. A avistou parada próxima a um banco. Por algum motivo ela estava de pé, apesar de ter lugar para sentar. Quando o viu abriu um sorriso. Johnny retribuiu e continuou caminhando na direção dela. Quando a tocou sua expressão mudou. Estava assustada. Ela o empurrou para lado, não muito, pois não tinha tanta força. Apenas o suficiente.

Johnny se virou e pôde ver a arma, mas nunca descobriu quem foi o atirador. No momento seguinte ele havia corrido. Assim como todas as pessoas que estavam em volta. Só que sua mulher não estava correndo, estava caída sobre seu próprio sangue. Ele a abraçou e ficou com ela até que a ambulância chegasse. Só conseguiu sentir o médico tocando seu braço e logo em seguida ouviu ele sussurrar.

“Ela está morta.”

Depois disso ele largou a mulher e saiu da cidade. Sumiu. Andou por muitos lugares. Conheceu pessoas. Aprendeu coisas. Quando voltou ninguém lembrava de seu nome. Passaram a chamá-lo de Lutador e isso era o suficiente para ele.

João Paulo agora era conhecido como JP e isso para ele era até mais do que o suficiente...

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