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[Conto] Irmãos - Notas policiais

04 julho 2010

perdeu o início? leia aqui.

Notas Policiais - Roberto

Sabe quando eu era apenas um garoto eu costumava sonhar em entrar para a polícia. Sonhava em fazer a diferença, ou algo assim. Depois de alguns anos eu consegui o que queria. Me tornei um policial, cheio de ideais. Claro que você já sabe que as coisas não saíram tão bem quanto eu imaginei que sairiam. Eu me tornei parte de uma minoria. um dos poucos policiais que lutavam por essa cidade, mas depois de muito tempo finalmente Deus mostrou que não nos abandonara. Justo quando eu percebia que minhas esperanças estavam se acabando.

Capítulo 7 - Cruzados

7.1 Boas Novas

Os dias estavam sendo muito conturbados na delegacia. O Comandante estava saindo da ativa e começando uma nova vida longe de toda essa sujeira. Corrupção, subornos, negócios não muito cristãos feitos por policiais, ou você acredita que a máfia é a única culpada por tudo de ruim que acontece nessa cidade? Quem dera que fosse assim.

Já tive algumas conversas com o chefe. Ele é uma boa pessoa. Certa vez ele me disse que gostaria de ter tido a coragem de ser igual a mim, eu respondi que ele precisaria ser muito burro para fazer uma coisa dessas, como resposta recebi apenas uma risada. Posso dizer que gosto dele e acredito que ele goste de mim, na verdade às vezes penso que o chefe era a única pessoa que me mantinha na polícia, ou mesmo o responsável por a máfia não ter dado um jeito qualquer em mim ainda.

Chego na delegacia e vou cumprimentando a todos, um monte de falsos que me apunhalariam na primeira oportunidade. Assim que sento em minha mesa o telefone toca. É o Comandante. Precisa falar comigo urgente. Boas notícias? Más notícias? Não sei, não acho que importe muito na verdade, afinal quando ele for embora minha permanência vai se tornar impossível. Como um rato em um ninho de cobras.

Bato na porta e entro, ele me dá um “bom dia” e me manda sentar, o que eu faço imediatamente. Várias coisas passavam pela minha cabeça, mas nada me prepararia para o que viria a seguir.

- Roberto. Certa vez você me disse que para eu ter tido a coragem que você teve de se manter íntegro em meio a todo esse mar de lama, eu precisaria ser muito burro.

Me mexi na cadeira e concordei com a cabeça, sinalizando que me lembrava. Ele continuou.

- Pois farei uma coisa agora que prova que você estava errado. Que você estava super estimando a minha inteligência.

- E o que seria isso chefe?

- Vou aprovar a sua proposta de criação de uma força especial para o combate ao crime organizado. Ela já foi muitas vezes negadas por...

Colocou os óculos e pegou o documento para poder ler.

- “Não ter finalidade, uma vez que o departamento de operações especiais já cumpre esse papel. Sendo desnecessário criar um organismo adicional para efetuar a mesma função.” Minha opinião, que tenho certeza é a mesma que a sua, é que isso não passa de uma desculpa. Acredito que já fechei os olhos por tempo demais e finalmente percebo que não terei outra oportunidade para tentar mudar as coisas.

Eu não sabia o que falar, jamais imaginaria isso. Eu sabia que o projeto seria a solução, mas sempre achei que nunca seria aprovado. Só me restava uma coisa a fazer.

- Muito obrigado chefe.

- Não se preocupe rapaz. Agora acho que você tem muito a fazer, afinal não acredito que você já tenha escolhido seus parceiros.

- Vou começar agora mesmo.

Me levantei imediatamente e me retirei da sala, havia muito a ser feito e finalmente eu poderia trabalhar como um policial de verdade.

7.2 Operações

No início acreditei que seria quase impossível reunir policiais honestos em número suficiente para formar o grupo que eu queria. Estava trabalhando o máximo que podia sem atrair atenção desnecessária. Foi difícil, até que eu entendi que se todas as maçãs do cesto estão podres eu deveria buscar uma maçã de fora do cesto.

Comecei a procurar pessoas de outras cidades e descobri alguns policiais dispostos a ajudar. Para completar procurei pessoas nas escolas de formação da polícia e encontrei muitos que foram diretamente transferidos para a força especial. Meu grupo estava formado e a guerra estava para ser declarada.

***

Tudo foi feito em total sigilo até o dia de nossa primeira operação real que foi muito bem escolhida aliás. Poderíamos ter procurado vários outros alvos maiores que pesariam mais no bolso da máfia, mas escolhemos um alvo simbólico. Um jogo de poker ilegal. Um dos mais antigos negócios da máfia e também um dos mais seguros. Certamente encontraríamos vários jogadores poderosos na cidade. Políticos, empresários, celebridades e sabe-se lá mais o que. Seria um jeito de mostrarmos que não pouparíamos ninguém que compactuasse com a máfia, lavaríamos a cidade de todos eles e essa noite seria apenas o princípio.

Pensando financeiramente não seria um golpe tão duro assim, pois o casino já gerava muito dinheiro. O objetivo da máfia com esses jogos era apenas atrair apostadores com dinheiro vindo de fontes duvidosas e ficar com uma parte do dinheiro sem que o governo tomasse nada para os impostos.

Éramos oito agentes. Dois estariam infiltrados e assim que a invasão ocorresse renderiam os seguranças. Mais três vigiariam as saídas para a garagem e a saída lateral, para que ninguém escapasse. Os três últimos seriam responsáveis pela invasão, usaríamos granadas de fumaça para causar um certo caos e tirar a visibilidade enquanto prendemos todos.

Chegamos ao local em duplas para não atrair atenção. Ficamos na espreita até que os infiltrados dessem o sinal. Eles enviariam uma mensagem de texto pelo celular. Uma mensagem em branco era o sinal para invadir, qualquer coisa diferente disso era um sinal para abortar.

Não demorou muito e tivemos o sinal para atacar. Precisaríamos ser rápidos para que os jogadores não fossem avidados e o local evacuado. O lugar ficava nos fundos de uma boate e isso facilitou nosso trabalho, já que pudemos atravessar todo o salão sem atrair atenção e ficar assim muito mais perto do alvo sem esforço.

Assim que chegamos encontramos um segurança na porta para avisar sobre qualquer movimentação estranha. Aplicamos golpes rápidos e o dominamos antes que ele esboçasse qualquer reação. Atrás da porta o barulho da música era bem menor e nós soubemos que o objetivo estava perto, atrás da porta no fim do corredor encontraríamos o jogo ilegal.

Demos nossos passos até a porta da maneira mais rápida e silenciosa que pudemos. Paramos um de cada lado e outro na frente da porta. eu a abri enquanto outro homem jogou a granada de fumaça para dentro. Fechei a porta e esperei enquanto meus homens lá dentro deveriam estar imobilizando os homens da máfia. Quando a fumaça baixasse entraríamos e estaria tudo resolvido.

Passado o tempo abrimos a porta e entramos na sala. Fichas, cartas e notas estavam espalhadas pelo local, várias autoridades sem saber o que acontecia. Os seguranças e o gerente da máfia estavam no chão desacordados. Tudo com o o planejado. Até que um dos presos encontrou a porta de saída e passou por ela.

Tínhamos homens do outro lado daquela porta, mas por instinto eu fui atrás dele. Quando alcancei o lado de fora o fugitivo já estava com a arma do policial apontada para ele e as mãos para cima. Quando ele se virou para mim eu pude ver quem era.

- Senador. O senhor está preso. Pode ter certeza que será lembrado que o senhor resistiu a prisão.

- Pode ter certeza que me lembrarei de quem me prendeu.

Sim ele estava com raiva e iria querer vingança. Isso nem mesmo me preocupava.

No dia seguinte a manchete nos jornais foi a seguinte: “Cruzados, grupo de elite da polícia, desmonta jogo ilegal da máfia. Vários políticos entre os presos.”

Sim isso era uma declaração de guerra. Agora o próximo passo era deles. Isso sim me preocupava, me preocupava até mais do que eu gostaria de admitir.

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