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[Conto] Irmãos - Pela Família

24 julho 2010

perdeu o início? leia aqui.


Pela Família - Johnny

Nunca pensei em morrer pela família, mas também nunca pensei em abandoná-la. O que me consola é que não há como abandonar algo que não existe. Eu acredito que em pouco tempo a família não mais irá existir, ao menos não como eu a conheço hoje. Como isso pôde acontecer? Como as coisas chegaram a tal ponto? Não sei, mas acredito que deveria saber, afinal eu sou o consigliere.

Talvez eu nunca tenha olhado com verdadeira atenção para Vito. A sensação de já saber exatamente o que esperar dele me cegou, não pude perceber o quanto ele se tornava mais e mais sábio. Meu ego cresceu tanto que acabou me traindo. Meu trabalho sempre foi saber te tudo para aconselhar o Don, mas como poderia aconselha-lo se nem o conhecia direito?

No fim você se importaria com isso tudo se lhe fosse dado o que mais queria? Se importaria de ter falhado com seu Don se ele lhe desse o que você sempre desejou e nunca pôde pedir? Teria a coragem de recusar o presente? Eu não tive e não posso dizer que me arrependo.

Capítulo 8 - A Família Resolve seus Problemas

8.1 Ordens do Don

O garoto era mais esperto do que eu pensava. Percebeu rapidamente a minha intenção e tentou se esquivar ao máximo das minhas perguntas. Dizer não ter nenhum contato com o irmão. Certamente uma grande mentira, só não sei se queria evitar mais perguntas ou se queria esconder algo. Não posso acreditar que os dois tenham um plano qualquer, que ele esteja se infiltrando na máfia por ordens da polícia, mas infelizmente também não posso descartar nada. Cada resposta que obtive me trouxe duas perguntas.

Tive de segui-lo até o casino para ver como se comportava, mas isso não esclareceu muita coisa. A não ser pela hora em que o vi sair. Ele percebeu que eu o estava olhando e sua expressão não foi das melhores, ele estava com raiva o que é uma reação normal, mas a expressão dele não me agradou nem um pouco. Depois ele tentou fingir que não havia me visto e saiu com uma garota. Realmente estranho.

Minhas suspeitas se enraizaram quando recebemos a notícia do novo grupo policial cuja função era basicamente acabar com a família. O líder era Roberto. Vito pensou durante muito tempo até pedir meus conselhos, eu ajudei da melhor forma que pude disse o que achava sobre o garoto e sobre seu irmão policial.

Após ouvir o que eu tinha para falar ele tomou sua decisão. Me disse seu plano e assim que ouvi percebi o risco daquilo tudo. Não para mim, para mim tudo aquilo seria incrivelmente vantajoso, mas o Don correria todos os riscos. Olhei para ele como se o estivesse vendo como ele realmente era pela primeira vez.

- Vito, sou muito grato pelo que está fazendo, mas isso não é o melhor plano a seguir, você poderá perder tudo se seguir nessa linha.

- A aposta é alta admito Johnny, mas poderá trazer uma vitória tão completa e incontestável que chega a valer a pena todos os riscos. No fim o único que assumirá todos os riscos serei eu e isso faz o plano se tornar ainda melhor do meu ponto de vista. Está decidido consigliere. Começaremos agora.

- Sim, Vitor. Fazemos como você desejar. Espero poder te agradecer um dia.

A conversa terminou aí, depois disso fui executar a primeira parte do plano: matar o chefe de polícia. O motivo? Apenas vingança e eu iria lá para dizer isso e só então matá-lo.

8.2 Adeus Comandante

Não sei quanto tempo faz que não venho em uma missão dessas. Não sou o responsável por elas, afinal sou o consigliere, mas hoje a vingança nos chama para o combate, a vingança nos chama para a guerra. Hoje a máfia não mais conversaria ou mandaria recados. Hoje nós iremos cobrar o que nos é devido.

Chegamos à casa do Comandante e esperamos. Não posso dizer que ele não estava esperando um ataque da máfia, mas tenho quase certeza que ele não nos esperava aquela noite.

Os rapazes invadiram a casa pela lateral e pelos fundos. Retiramos a família dele da casa para que não presenciassem o que iria acontecer, afinal eu ainda tenho princípios. No fim o comandante ficou sozinho em sua casa e pudemos conversar.

- Achou que iria aprovar esse grupo de justiceiros e não haveriam consequências? Se aposentaria e sumiria no mundo?

- A cidade está um caos Johnny. Eu não podia ser responsável por isso.

Dei um soco em sua boca por cuspir essas palavras hipócritas. Isso me irrita.

- Você sempre foi um covarde comandante. Poderia se aposentar e viver o resto da sua vida como um covarde, mas você não quis isso para você. Agora comandante, estamos providenciando ao senhor uma morte de herói. Tudo que eu peço é que morra como um, não quero suas explicações inúteis.

Sua expressão era a de completo pânico. Um verdadeiro terror, realmente bom, afinal era para isso que eu fora mandado aqui. Me certificar que antes de morrer esse covarde metido a herói de meia idade sentisse vontade de jamais ter brincado com a família.

- Vocês não podem fazer isso. Mesmo que me matem os cruzados vão acabar com a máfia nessa cidade da mesma forma.

- Você ainda não entendeu velho? Isso é apenas por vingança.

Suas últimas esperanças foram arrancadas dele a força nesse momento. Não havia o que ele pudesse fazer para salvar a própria vida. Meu trabalho aqui estava feito, ele finalmente se arrependia de querer ser algum tipo de herói.

- Acabem com ele rapazes. Depois daqui vamos nos reunir em frente ao quartel dos cruzados. Tem mais gente lá precisando de algumas lições. Adeus, Comandante.

Virei as costas e pude apenas ouvir o disparo seguido da queda do corpo no chão. Ele estava morto por tentar destruir a família, mas isso não impediria o processo que ele iniciou. Se eu não estiver enganado os irmãos são a chave para impedir nossa queda. Acabando com os dois nós estaremos salvos, se algum deles escapar... não quero pensar nisso, mas meu trabalho é pensar não é?

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