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[conto] Amanda II

26 fevereiro 2010

Leia a Parte I

Amanda

Parte II


2.1 O Desespero Vem pela Manhã




Amanda abriu os olhos, lembrando de um sonho estranho e se sentindo bem melhor do que achara que se sentiria, bem melhor do que acreditava que deveria se sentir. Pode ter sido por causa do sonho com aquela mulher que parecia saída de algum conto de fadas ou o fato de Guy ter passado a noite a seu lado, por via das dúvidas ela deveria ao menos agradecê-lo. E o faria agora mesmo. Sentou na cama e procurou por Guy. Ele não estava lá, simplesmente impossível. A garota piscou varias vezes, como que para despertar de um sonho ruim, mas ao que parecia ela já estava acordada. Levantou sobressaltada, com o resto do sono que ainda tentava se apoderar dela sendo varrido para bem longe daquele quarto e o desespero surgindo com força em seu lugar.

Amanda desceu as escadas e olhou cada canto da casa, mas desde que começou a busca por Guy já tinha um pressentimento de que não o encontraria. Até por que ela sempre o deixava no mesmo lugar quando saia de casa e não desgrudava dele quando estava em casa. A garota terminou a busca com o resultado esperado: não encontrou nada.

Ela estava desesperada, não sabia mais o que fazer. Terminada a procura pelo boneco ela foi para o quarto, sentou em sua cama, pensou um pouco e resolveu levantar e procurar Guy novamente. E a segunda tentativa terminou como a primeira, sem resultado. A vontade que ela tinha era de se jogar na cama e não levantar mais nesse século, ou mesmo nessa vida. E era isso que pretendia fazer quando sentou na cama, mas por um momento começou a lembrar do sonho que tivera esta noite e uma frase não saia de sua cabeça: "Não tenha medo minha cara. Nunca duvide de Guy, pois ele nunca a abandonará."

Parecia loucura acreditar em um sonho, mas ela teria Guy de volta e ela tinha certeza que ele não a abandonaria. Trocou de roupa o mais rápido que pode e teve o cuidado de calçar os seus tênis de corrida recem-comprados e saiu de casa correndo para a manhã ensolarada que fazia lá fora. Ela não via o que passava a sua volta, apenas corria com o objetivo de chegar em seu destino o mais rápido que pudesse. Enquanto corria nem percebeu os dois amigos do colégio que acenaram pra ela. Não percebeu o carro que quase a atropelou até que ele freiasse e ela gritasse "desculpe!" enquanto continuava a correr. Não percebeu nem mesmo os namorados no bosque enquanto passava correndo o máximo que podia, se percebesse veria Bruno com outra em seus braços.

Nada importava ela só queria ter Guy perto dela novamente e essa era a última e desesperada tentativa que estava fazendo para encontra-lo, se não funcionasse não sabia o que faria a seguir. Tentou afastar esses pensamentos quando chegou ao lago. Era um lago normal, bem diferente do sonho, que continuava nítido em sua mente, queimando por trás de seus olhos e aparecendo em sua mente toda vez que os fechava. Olhou ao redor para ver nada além de água e grama. Guy não estava lá e nunca estaria. A garota fez o que a restava fazer. Sentou ali mesmo onde estava desajeitadamente. Colocou a cabeça nas mãos. As mãos nos joelhos. Chorou. Chorou de tal forma que por alguns momentos seu silêncio só foi quebrado pelo som de seus soluços. Até que timidamente pode-se ouvir o som de alguém saindo da água e esse alguém ,que momentos antes não estava lá, caminhou na direção de Amanda.





2.2 Seja Bem Vindo





Amanda não sabia a quanto tempo estivera esperando e chorando naquele lago, podem ter sido horas, mas ela soube que teria ficado quanto tempo fosse necessário, quando alguém tocou levemente em seu braço e ela olhou para cima com o rosto molhado e vermelho. Um garoto alto e branco estava agachado à sua frente com uma expressão calma. Cada pelo em seu corpo parecia ser ruivo, seus olhos eram verdes, o cabelo estava na altura dos ombros amarrado em uma trança muito simples e cuidadosamente bem feita. Vestia um smoking preto que parecia feito sob medida.

- Guy?

- Desculpe o atraso senhorita. Eu atravessei galáxias, lutei grandes batalhas e desafiei a vontade de Reis, mas estou aqui agora para tentar aliviar sua dor jovem senhora.

Amanda não sabia o que fazer. Guy estava ali. Guy seu boneco e companheiro virara um verdadeiro cavalheiro e estava disposto a tudo apenas para ajuda-la. Como as palavras continuavam se escondendo dela, e pareciam não estar dispostas a aparecer, ela fez a única coisa que poderia fazer. A garota se atirou nos braços de seu amigo e o abraçou e logo após isso começou a chorar, mas dessa vez de alegria, uma alegria tão grande que ela não se lembrava de já ter sentido algo parecido na vida. Guy retribuiu o abraço e parou de falar, pois naquele momento, as palavras não eram mais necessárias.




2.3 Algum Lugar em um Sonho




- Não posso acreditar que estejamos juntos aqui. De verdade. Entende o que quero dizer?

- Claro que sim senhorita. Mesmo para mim é difícil de acreditar nisso, mas ainda sim estou aqui.

- Mas como você conseguiu Guy?

- A Feiticeira Branca me transportou para a Cidade entre Mundos e lá eu tive algumas dificuldades e isso causou meu atraso, pois o tempo não passa da mesma forma em mundos diferentes.

- Nossa que incrivel Guy! Você vai me contar tudo, não vai?

- Infelizmente não poderei faze-lo hoje minha querida. A senhorita deve dormir.

Amanda sentiu o medo penetrar-lhe pelos poros, como se estivesse vindo do ar, do ambiente de seu quarto para dentro de seu corpo. Ela imediatamente fez esse medo surgir em sua face e protestou.

- Não posso perder tempo dormindo Guy. Não agora que você está aqui.

- Sim é verdade, mas infelizmente é isso que a senhorita deve fazer agora. Haverá tempo para estórias depois.

- Promete?

- Prometo.

- Mas não vejo como posso dormir agora, estou tão agitada com a sua chegada.

Amanda ia pronunciando as palavras enquanto deitava na cama e Guy colocava a cadeira em que estivera sentado perto dela.

- Não se preocupe, a senhorita conseguirá tenho certeza. Pense que nós nos escontraremos em seus sonhos.

Amanda sorriu para ele.

-Que lindo Guy! Será que isso é possivel?

- Claro que sim, senhorita.

E dizendo essas palavras Guy fechou os olhos de Amanda delicadamente com uma das mãos. E em um piscar de olhos, Amanda adormeceu. Guy observou a garota em seu sono por alguns minutos e repetiu para si mesmo.

- Claro que sim.

Após isso segurou a mão da garota e adormeceu enquanto repetia como um mantra.

- Claro que sim. Claro que sim.