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(Poesias) Dúvidas

20 abril 2012

O medo de errar é caracterizado pela eminência de
acertos contínuos...
Mas nem sempre esse é possível tendo em vista
que o que seria certo para mim ou você é um
erro gravíssimo para uma infinidade de pessoas
Qual seria a melhor opção?
Vivo na dúvida entre me manter sempre omissa e
pecar por negligenciar fatos ou me arriscar e sentir o pesar
da língua felina dos próximos.

(Poesias) Será...

19 abril 2012

O medo, a vontade e a esperança
são sentimentos tão similares que as
vezes por nós são confundidos de forma
tamanha que não podemos negar
a estranha sensação de termos agido de
forma consciente e eficaz

Resenha - Festa no Covil

18 abril 2012



O livro parece muito inocente à primeira vista (a capa é rosa), mas conforme o protagonista (cheio de nomes) vai contando mais e mais detalhes sobre sua curta vida (ele é uma criança), uma história um pouco sombria se revela.

É uma história muito interessante sobre a visão de uma criança do tráfico de drogas (o pai dele é um chefão, um tanto quanto paranoico). O curioso é que apesar dele ser meio adulto em certos pontos, é bem infantil em outros. Com isso percebe-se rapidamente que ele não sabe nada sobre os negócios do pai (ou quase nada).

O fato dele ser "precoce" (como ele mesmo repete várias vezes) gera passagens muito divertidas, na minha opinião até mesmo únicas, pois o protagonista (que já é inusitado) está em uma situação, vamos dizer assim incomum. O clima geral do livro é muito de conto  de fadas, mas ainda assim original. Li uma comparação com "Alice no país das maravilhas", mas não sei se é muito válida.

O livro é curto, é rápido, leve e fluido. Vale a pena para todos, mas não para todas as idades, devido aos palavrões no meio da história, que fariam falta se não estivessem ali (na minha opinião novamente). Não há um final épico, até porque é só a vida do garoto apesar de tudo, mas não me incomodou tanto assim (talvez incomodasse se tivesse um final épico de mais), na verdade acho que eu já esperava algo desse tipo.

Esse livro me marcou bastante também porque foi o primeiro livro digital que eu consegui comprar online. Viva o progresso! =D

(Poesia) Virtudes

16 abril 2012

A diferença entre ser e parecer ser é tão clara
quanto a necessidade de escondermos de nós mesmos
os nossos erros
erros tão profundos que nem uma vida inteira de
acertos são capazes de ameniza-los
A escolha é tão cruel quanto a culpa de quem escolheu
Por que tem que ser assim
duas verdades duas virtudes

(Poesia) Não me julgue

13 abril 2012

Os erros e os acertos são refletidos não apenas no espelho de nossos olhos, mas sim nas atitudes de nossos pares....
Um silêncio, um olhar diz mais que horas infinitas de conversas que em nada levarão...
As lágrimas são apenas a expressão de atitudes impensadas e gestos egoístas

(Poesia) Experiência

12 abril 2012

Ando, não corro, nem paro 
Simplesmente ando
Ando vendo o mundo a minha volta, ando vendo
a miséria de espírito dos pobres mortais que como eu
lutam por coisas tão ínfias, que para alguns chegam a não existir
Ando, procurando uma solução para problemas simples
que talvez nem existam 
Ando a procura da Paz, de sorrisos sinceros e de felicidade, pois essa é tão escassa que talvez eu nunca  a alcance de forma completa =0

Resenha - Rafa (Nadal)

04 abril 2012



Eu e minha querida namorada (Pauline) nos encontrávamos em uma grande livraria no Barra Shopping na época de natal. O espírito natalino estava no ar e ela quis me dar um presente, no caso um livro. Depois de uma dúvida cruel me vi com o livro de título Rafa em minhas mãos.

Contada essa pequena história vamos ao que interessa. Devo dizer o que sabia da vida do Nadal (um dos meus esportistas preferidos) antes do livro. Sabia que ele é conhecido como um dos tenistas mais esforçados de todos (talvez o mais esforçado), sabia que ele é destro, mas joga tênis com a mão esquerda, apesar de não fazer mais nada com a mão esquerda e não muito mais que isso. Devo dizer que ler o livro me fez ver o Rafa Nadal que eu (e provavelmente a grande maioria do público) não conhecia, por mais clichê que isso possa parecer. Sinceramente eu já esperava que fosse algo motivador ler sobre alguém tão dedicado, mas nunca imaginei que pudesse ser tanto.

A estrutura do livro é bem interessante. Em um capítulo o próprio Nadal fala sobre sua vida e no seguinte o jornalista John Carlin fala meio que sobre o mesmo assunto. Eu me surpreendi ao perceber que os capítulos do próprio Nadal são bem maiores do que os do jornalista, mas depois pensei melhor e concluí que era o ponto de vista dele que importava, não o da mídia.

É impressionante ver os relatos da dedicação dele, mas o mais incrível são suas emoções diante dos momentos difíceis, principalmente quando ele narra o quanto chorou após perder para Federer em Wimbledon, já que sabia que poderia vencer. Isso é um ponto muito interessante que ele aborda. Quando o atleta vê a vitória tão perto e fica com "medo de vencer" e acaba perdendo a concentração. Já vi isso acontecer várias vezes em vários esportes diferentes (me lembro de ter sentido isso também, em escalas bem menores é claro) e ler o próprio Nadal falando que isso não só existe de verdade, mas que acontece com todo mundo é bem legal.

O que não é tão interessante são os termos técnicos do livro que não são explicados em canto nenhum. Como eu gosto de tênis não me senti incomodado, mas tenho certeza que muita gente vai se sentir (ou já se sentiu), já que o esporte não é lá muito popular por aqui. A editora poderia ter providenciado um pequeno glossário ou notas de rodapé, mesmo que por desencargo de consciência.

Basicamente o livro é isso, um relato bem completo desde a infância até os dias de hoje da vida do tenista, mas como ele ainda é bem novo o livro é relativamente pequeno, o que pode ser considerado uma vantagem até. Quem não assisti tênis vai sentir alguma dificuldade em certos pontos, mas ainda assim acho que vale pela mensagem de perseverança, esforço e dedicação. Sim sou fã do Nadal...

Estrelas: 3,8



Notas Soltas - Faixa 5

29 março 2012




Faixa 5 - Raphael  (Invincible - Muse)

- Não acredito que era você tocando bateria todo esse tempo.

Raphael não conseguiu esconder sua surpresa, até porque Ian havia tratado Meg como um homem até um momento antes de chegarem à casa dela. Agora ele estava rindo de sua expressão de completa perplexidade.

- Por que não?

- Não é isso. É só que...

- Ele achou que fosse um cara. - Ian falou entre uma risada e outra.

Continuou rindo enquanto Raphael ia ficando vermelho pela sua reação inicial. Pensando bem talvez tivesse feito a mesma coisa.

- E aposto que você não se incomodou em desfazer esse engano, né?

- Desculpa cara. Eu não podia deixar essa oportunidade passar.

Depois de pedir as devidas desculpas perguntou se Meg poderia tocar um pouco de bateria, antes que todos tocassem juntos. Ela concordou e rapidamente já estava pronta.

O som era melhor do que se lembrava de ter ouvido da rua. Ela mandava bem na bateria. Demonstrava segurança, habilidade e velocidade. A respeito da técnica dela Raphael não era o mais indicado para falar, mas a agilidade era impressionante. Só essa qualidade já fazia dela a melhor escolha para a batera até agora. Ainda bem que ninguém havia aceitado seu convite. Havia chamado um ou outro baterista, mas nenhum deles o empolgara tanto quanto Meg.

Quando olhou para Ian viu que o amigo estava sorrindo. Seus pensamentos deviam estar estampados em seu rosto. “Quero ela na minha banda.” Não tinha dúvidas que Ian havia entendido, mesmo sem nenhuma palavra ser trocada. Só quando ela parou de tocar é que se deu conta que esses pensamentos não faziam muito sentido. Não tinha baixista ainda e queria Ian para a guitarra. Não sabia se conseguiria aceitar outro depois de aprender tanto com ele.

- Vamos tocar juntos?

Foi Meg quem interrompeu seus pensamentos. Realmente gostaria de tocar com eles, só não sabia bem o que. Ian percebeu e rapidamente o ajudou.

- Vai querer tocar o que Raphael?

- Helloween. O que vocês acham?

- Não dá. Meu baixo só tem quatro cordas, iríamos precisar de um com pelo menos cinco. - Ian pareceu um pouco chateado com essa limitação.

- Eu estava ensaiando Starlight do Muse agora a pouco. - começou Meg - Podíamos tocar essa não?

- Essa tem teclado, né?

Raphael pensou um pouco e teve a ideia nesse momento.

- Invincible. Não precisa de teclado e eu acho que sei a letra.

Todos concordaram. Parecia que para Ian qualquer música serviria. Só de estar tocando já aparentava estar feliz. Quanto a Meg já não se podia dizer o mesmo. Raphael achou que ela preferia tocar Muse. Não se importava muito, apesar de preferir Helloween. Tinham de arranjar um baixo com mais cordas. Seria bom se o pai de Ian o desse um de presente qualquer dia desses.

Tocou guitarra e cantou. Durante a música parecia estar em outro lugar. Tudo o que importava era a sua guitarra. Conseguia ouvir o baixo e a bateria e lutava para não atrapalhá-los. Estava satisfeito com o resultado, não estava errando muitas notas e conseguia tocar no tempo certo. O som que os três faziam estava ficando bom, com um pouco de treino ficaria melhor ainda.

Nunca tivera dificuldade para cantar. Não foi diferente nesse momento. Já havia praticado um pouco tocar e cantar ao mesmo tempo e percebeu que precisava se preocupar mesmo era com a guitarra, ao menos enquanto estivesse aprendendo. Cantar era tão natural que fluía sem muito esforço. Pretendia tocar guitarra com a mesma naturalidade um dia. Um dia.

Quando a música acabou outras a substituíram. Não conseguiu tocar todas bem o suficiente para ficar satisfeito, mas seus companheiros concordaram que estava bom para um começo. O problema é que ele sentia uma vontade muito grande de tocar as músicas de suas bandas preferidas e não conseguia se impedir de tentar, mesmo que algumas estivessem acima de seu nível. Tocaram de tudo, Ramones, AC/DC, Black Sabbah, Rage Against the Machines, Nirvana e até Gorillaz, esse último depois de Meg pedir bastante. Não estavam preocupados em ter um estilo, só queriam tocar e se divertir. Nem eram uma banda de verdade.

- Você canta bem de verdade, mas precisa melhorar sua guitarra.

Foi a primeira coisa que Meg disse para ele assim que pararam de tocar.

- Eu aprendi a tocar faz pouco tempo. Eu nem queria aprender, foi o Ian que me obrigou.

- Ele tá certo, você tem que aprender a tocar alguma coisa.

“Nossa. Os dois concordam e nem precisaram conversar a respeito.” Começava a se achar burro por não ter percebido que tinha de tocar algum instrumento desde o início.

Ian estava concentrado no baixo e não parecia estar ouvindo a conversa dos dois. Nem o espanto dela por Raphael ter aprendido a tocar tão rápido. Já tinha decidido que gostava dela e a queria na banda quando ela perguntou.

- Vocês estão em algum tipo de banda?

Raphael havia decorado aquela resposta e a ofereceu à Meg de maneira rápida e mecânica.

- Não o Ian só está me ensinando a tocar. Eu preciso aprender antes de me envolver em alguma coisa séria.

- Nossa... quase um namoro isso.

- Quase isso.

Ela parecia meio desapontada, apesar do clima descontraído que estava mantendo. Nesse momento Ian pareceu acordar e falou.

- Vamos à loja de música. Preciso comprar umas cordas para esse baixo.

Deixaram os instrumentos lá e saíram. A loja devia ficar a uns dez minutos de caminhada. Era perto e pareceu passar em um instante enquanto conversavam. Falaram sobre as bandas que gostavam, sobre as que não gostavam e sobre as que achavam que fariam sucesso um dia. Sobre música no geral e claro sobre invadir o palco do show de outra banda. Raphael jurou que foi um ato impensado e que havia sido acometido de uma loucura momentânea. Pra terminar disse que esperava que não se repetisse mais, o que todos concordaram.

Chegando na loja Raphael foi direto olhar as guitarras. Não podia acreditar como eram caras, ao menos para suas posses, e Ian se recusava a vender a que ele estava usando. Disse que também havia aprendido a tocar com aquela guitarra e por isso jamais se separaria dela. Não conseguia imaginar como conseguiria comprar uma guitarra. Foi nessa hora que Meg chamou por eles.

- Olhem isso.

Ela estava segurando um folheto sobre um concurso de bandas. Cada banda inscrita teria 15 minutos para se apresentar em uma espécie de festival. Raphael calculou três ou quatro músicas, se fosse dos Ramones poderia ser até umas dez. Só depois lembrou que não tinha uma banda ainda. Na verdade nem sabia tocar guitarra direito. Foi nessa hora que Ian falou.

- Vamos entrar. - olhou para os dois amigos - Isso é. Se vocês concordarem claro.

- Lógico que eu vou tocar. - Meg falou sem nem mesmo pensar.

Para Raphael não sobrou muito o que fazer se não sorrir e dizer.

- Certo, mas eu escolho o nome.

Todos sorriram. Não se importavam com ganhar ou perder. Agora ele tinha uma banda e isso era a melhor coisa que podia ter acontecido.

Resenha - Jogos vorazes

21 março 2012



Aproveitando o filme (que ainda não saiu enquanto eu escrevo isso) vou falar um pouco sobre o primeiro livro dessa série que gosto muito. Na verdade até pouco tempo nunca tinha ouvido falar, se me lembro bem o primeiro contato que tive foi com o trailer do filme. Li uma rápida sinopse e dezenas de resenhas. Fui gostando mais e mais até resolver comprar (graças a uma promoção na internet) os três livros de uma vez.

O primeiro livro me pegou desprevenido pela facilidade de fazer você se emocionar (afinal são crianças indo para a morte e isso é triste). Logo no início em que você nem conhece direito os personagens e a Katniss se oferece para ir no lugar da irmã eu pensei "nossa". Sendo que eu já sabia que isso aconteceria (afinal tinha lido bastante coisa sobre o livro e visto o trailer do filme...) e mesmo assim fiquei emocionado.

Acredito que essa seja a maior qualidade do Jogos Vorazes (da série toda na verdade) esses momentos em que você pensa "nossa". Afinal os diálogos não são nada demais, a narrativa é normal e a distopia usada não é tão inovadora, mas o livro consegue te emocionar em vários momentos e normalmente inesperados. A diferença real disso é que em outros livros esses momentos "nossa" acontecem mais pro final e somente nele (quando acontecem).

Apesar da distopia não ser tão original assim hoje em dia, tem uma coisa que é inegavelmente original. Tão original que é o que dá título ao livro: Jogos Vorazes. Os jogos vorazes são a visão distópica de um Reality Show. A volta dos gladiadores em prol do entretenimento das massas. Somando a isso o fundo político, os participantes (chamados de tributos no livro) vem dos distritos subjugados pela capital tirânica, fica ainda mais clara a semelhança com Roma e os gladiadores antigos. Como é um reality show (coisa que estamos acostumados) tudo é filmado o tempo todo, editado e colocado na tv da maneira que melhor convém à Capital. Tudo isso deixam os jogos vorazes mais críveis.

Os personagens não são aquele primor, mas talvez isso se deva a narração em primeira pessoa do ponto de vista da Katniss, levando ela a ser melhor desenvolvida do que os outros. Peeta ainda consegue se salvar devido ao longo tempo que os dois passam juntos e acaba se mostrando muito através dos diálogos, mas todos são bem divididos entre bem e mal, não tendo muitos "tons de cinza" (ao menos nesse primeiro livro).

Livro muito bom. A melhor coisa foi que eu li sem muitas expectativas e me deparei com coisas que eu não só não esperava, assim como gosto (gosto de livros que conseguem passar alguma emoção). Poderia ser melhor se explorasse mais a dualidade dos personagens, mas no fim isso não prejudica tanto assim a história que se complica muito mais nos livros seguintes.

Nota: 3,9

Notas Soltas - Faixa 4

14 março 2012





Chegamos a mais uma faixa desse álbum (por mais demorado que esteja sendo) com Heart of Gold como música título (coração de ouro tem vocês que acompanham essa saga ^^). Novamente sugerida pelo Bardo (quem mais poderia me ajudar em uma hora dessas?). Eu tinha outra música em mente para essa faixa, mas me arrependi no momento em que escrevi o título e quando o Bardo veio com essa música que eu não conhecia e um... "Vai por mim, você vai gostar" foi a salvação =D


Espero que gostem e é isso ai ^^


Faixa 4 – Ian (Heart of Gold - Neil Young)

As aulas seguiam firmes. Raphael demonstrava ser um aluno mais aplicado do que Ian poderia prever. Em pouco tempo já estava conseguindo tocar algumas músicas. Na primeira semana achou que ele fosse um prodígio, algo como o novo Hendrix ou o sucessor do Slash. Somente no início da segunda semana é que pensou em perguntar:

- Você já tinha feito aula de guitarra antes?

- De violão na verdade, mas só por algumas semanas, mas eu era muito pequeno. Depois disso meu pai me obrigou a sair e eu não pude aprender muita coisa, por isso que não falei nada. Achei que seria bom começar desde o início. Pensei bastante e decidi que se eu quiser fazer sucesso vou ter que levar isso mais a sério.

- Muito bem, parece que você está começando a ficar mais esperto. Vamos continuar ensaiando.

Eles treinavam todos os dias e durante algumas tardes, sempre que Ian achava que a garagem estava insuportavelmente quente, eles iam tocar no parque. Na verdade Ian tocava violão e Raphael observava atentamente. Dizia que observar também ajudava a aprender, o que não era mentira, mas não chegava a ser totalmente verdade. O que não dizia é que se ficasse muito tempo sem tocar começava a se sentir um pouco ansioso e o calor da garagem só piorava as coisas.

Alguns dias antes Raphael falou que tinha ouvido algum cara tocando bateria muito bem logo ali na rua onde Ian morava. Sabia exatamente quem era, mas não se tratava de nenhum cara. Era Meg, uma velha amiga, só que já não se viam há algum tempo, não sabia como ela estava na bateria, mas confiava no ouvido de seu aluno. Estava muito curioso para saber como a amiga de infância estaria. Claro que não falou nada para Raphael, queria ver a cara de surpresa dele quando a visse pela primeira vez.

Depois de um tempo Ian achou que já era hora de dar mais um passo e chamou Meg para tocar com eles. Achou surpreendente a facilidade com que ela aceitou o pedido. Falou com Raphael que tinha chamado o tal baterista para tocar com eles.

- Como é mais difícil trazer a bateria até aqui nós vamos até lá.

- Tipo assim... agora?

- Sim, ou você não pode?

- Claro que eu posso, mas só temos uma guitarra. Como que vamos tocar os dois juntos? E nem temos baixo.

- Quem disse que só temos uma guitarra? E eu tenho um baixo aqui também.

- Calma ai. Você tem outra guitarra e um baixo e nunca me falou nada?

- Meu pai me dá muitos presentes, a maioria deles relacionados à música. Ele viaja muito, mas sempre que vem lembra de trazer alguma coisa.

- Calma ai. Se você tem tantos instrumentos... por que não me empresta logo a guitarra?

Ian riu antes de responder essa.

- As pessoas não valorizam o que ganham facilmente. Você vai dar mais valor à ela se sofrer um pouco antes.

- E quando vai ser isso? Eu já sei tocar, tá impossível ensaiar sem uma guitarra cara.

- Se tudo correr bem... hoje mesmo você vai levar a minha guitarra para casa. - vendo a expressão do amigo acrescentou - Emprestada.  Agora calma ai que eu vou pegar o baixo.

Ian subiu para procurar o instrumento e começou a ouvir a música que vinha da garagem. Ele estava aproveitando todo o tempo que tinha para tocar. Se continuasse assim aprenderia rápido. Acreditava que poderiam conseguir qualquer coisa se continuassem a se esforçar daquela maneira.

Achou o que procurava e deu uma boa olhada. Não gostava muito de tocar baixo. Nem era tão bom assim nisso, mas seria legal tocar com os amigos. Queria ver como Meg estava, se sua memória não o enganava ela só tinha aprendido a tocar para acompanhar o irmão. Quando ele saiu de casa para ir estudar em outro estado, Ian julgou que ela iria esquecer o instrumento. Se enganara, ao menos segundo Raphael ela ainda tocava todo dia. Não importava quão tarde eles parassem de tocar, no outro dia Raphael sempre dizia ter ouvido o som da bateria no caminho para casa. Fazendo tanto barulho ela não devia ser muito querida pelos vizinhos.

Começou a descer e pôde ouvir o amigo tocando. Se parecia com a introdução de Heart of Gold do Neil Young. Conforme foi se aproximando percebeu que ele também cantava. Pode parecer mentira, mas havia se esquecido que Raphael queria ser um vocalista. Estava se dedicando tanto à guitarra que parecia sempre ter tido vontade de ser um guitarrista.

Foi chegando mais perto e começou a ouvir melhor a voz dele. Era incrível. Simplesmente bom de mais para acreditar. Toda sua vida tentou cantar como ele e nunca havia conseguido. Verdade que não cantava mal, mas a voz de Raphael era muito superior. Sentiu uma grande vontade de tocar com ele. De estar na mesma banda e tudo que precisava fazer era dizer que havia mudado de idéia.

Ele parou de cantar e olhou para Ian. Nesse momento foi como se um encanto tivesse se quebrado. Percebeu que estava com a boca aberta pela surpresa. Queria falar muitas coisas ao mesmo tempo, mas tudo o que saiu foi um simples.

- Você canta bem... - e percebendo a surpresa nos olhos dele acrescentou - de verdade.

- Isso quer dizer que não preciso aprender a tocar?

Ele se recompôs e deu a resposta certa.

- Claro que você tem de aprender a tocar.

- Imaginei. Pronto?

- Claro. Vamos indo.

(Poesia) Olhares

11 março 2012

Amar é a vontade de minimizar distâncias, quebrar barreiras
sentir se próximo
transformar o intrasformável
fazer sacrifícios simplesmente para ver no semblante do amado aquele
singelo sorriso de satisfação
é lutar contra o mundo contra todos por uma única causa que para muitos
é louca, para outros é louca para você é tudo
é esperar por aquele segundo mágico
quando os seus olhos e olhos do alguém se encontram e corpo e alma se tornam uma só conexão.



Resenha - O Temor do Sábio

07 março 2012




Quem diria que eu estaria fazendo minha segunda resenha tão cedo (eu não diria). Ainda melhor quem diria que seria sobre essa série que eu gosto tanto (eu diria)?

O segundo volume das crônicas do matador do rei chega com suas assustadoras 960 páginas (a primeira vez que eu vi na livraria falei pra Pauline "Isso só pode ser brincadeira."), mas com a mesma leitura fluida de antes. É incrível como acabou rápido. Senhor dos Anéis deve ter um  pouco mais ou um pouco menos que isso e eu precisei de quase um mês para terminar. Já O Temor do Sábio durou algo em torno de uma semana.

O título me deixou curioso, mas no fim se provou pouco interessante no meio da história toda, sendo somente uma citação simples e nada mais. Se você se esforçar um pouco talvez pesque no meio do livro as coisas que o sábio teme (o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil), mas mesmo assim não era o que eu esperava. Como sempre a expectativa se mostrou uma coisa que em nada ajuda...

Uma característica que já se via na série, mas fica muito mais evidente agora é que não temos uma aventura fechada (tipo Percy Jackson, Jogos Vorazes ou milhares de outros livros de aventura), mas sim a vida do nosso querido (ou não) Kvote. No primeiro livro ainda tivemos aquele final eu diria hollywoodano (para não dar muitos spoilers), mas esse livro nem mesmo isso. A parte mais longa do livro (se não me engano) é a aventura que o leva a conhecer Feluriana (não é spoiler porque isso é dito na sinopse da contracapa), mas mesmo assim quando você analisa o livro todo é muito mais um período de vida do protagonista lendário. Isso na verdade (a narrativa sem um objetivo tão definido) me agradou, mas não sei se todos irão gostar.

Outra coisa que aparece nesse livro e também tem na maioria das sagas grandes é a "expansão do universo". O autor acrescenta coisas que nem imaginaríamos existir no primeiro livro e algumas dessas coisas podemos dizer que são totalmente... surpreendentes. Como na série guerra dos tronos quando são acrescentadas novas culturas e personagens exóticos que você pensa: "Nossa de onde ele tirou isso?" É mais ou menos o que acontece com os mercenários Ademrianos nesse volume. Muitas e muitas tradições, conceitos, ideias e costumes são criados para enriquecer o povo e torná-los críveis. Bom devo dizer que eu embarquei nessa também.

No fim como eu disse é a vida dele que é contada e não temos nem mesmo um final "hollywoodano" como no primeiro, mas posso dizer que lembra o SW - Império Contra Ataca. Termina de um jeito estranho (com você se perguntando "ué mas já acabou? não tá faltando mais uns dois capítulos?"), mas que te deixa curioso para o que irá acontecer.

Pelo que sei serão apenas três livros (que são os dias dele contando a história), o que só me leva a crer que o terceiro volume será outro tijolo gigante. Gostei realmente apenas com a ressalva para o final do livro que pareceu ser em um ponto não tão bem escolhido (na minha opinião).

Nota: 4,1.

Notas Soltas - Faixa 3

29 fevereiro 2012


Bem vindos de volta senhores! Estamos chegando a terceira faixa desse álbum. Apresentando mais um personagem (ou dois): Agatha, irmã de Eduardo. Espero que gostem. A música dessa faixa foi escolhida pelo Bardo Bêbado (nosso maior e mais querido parceiro) e eu aceitei na mesma hora... Finding my Way... vocês vão entender!

Vamos ao que interessa... ^^




Faixa 3 - Agatha (Finding my Way - Rush)

Estava saindo da faculdade conversando com Meg, sua melhor amiga. Já estava cada vez mais se cansando dessa história de aula. Era verão já. Precisava de férias. Quando cada dia parece valer pela semana inteira, é sinal de que o ano já deu o que tinha de dar.

- Então Meg, vamos ver o ensaio da banda do meu irmão?

- Desculpa amiga não vai dar, eu vou praticar bateria hoje. Melhor do que ouvir aquela banda do seu irmão ensaiar.

- Aff... fala sério amiga. Vai ficar tocando sozinha?

- Não. Depois disso tenho que ir ver o Ian. Ele queria falar comigo e eu já falei pra ele que ia lá hoje.

- O Ian é outro. Já poderia estar em qualquer banda por aí e prefere continuar tocando no parque.

- Agora ele piorou de vez. Tá ensinando o Raphael a tocar e de graça. Pelo menos no parque ele ganhava alguma grana.

- Raphael?

- Aquele maluco que invadiu o palco no show do seu irmão.

- Caramba. Você tem uns amigos que vô te falar...

As duas se despediram e Meg entrou no ônibus. Esse hobby da amiga era curioso, mas Agatha gostava dele. Tinha um ar bem “cool”. Uma garota tocando bateria não era algo que se encontrava facilmente por aí. Para ela a amiga tocava até melhor do que o Ben, o baterista da banda do irmão.

Uma vez até tinha falado isso para ele, mas o irmão mostrou-se um pouco cético. Achou que era um pouco de machismo isso, mas não falou mais nada. Ela era sua amiga e ponto. Não se importava com o quão boa ela fosse na bateria, ou deixasse de ser.

O ensaio estava sendo na casa dela e do irmão. Eles vinham ensaiando muito ali ultimamente, mas de tempos em tempos mudavam o lugar dos ensaios. O problema maior era a bateria, pois ocupava muito espaço e era de difícil transporte. Não que fosse tão fácil assim transportar os amplificadores.

Ficou a maior parte do tempo escutando eles tocarem. Estavam tocando algumas músicas diferentes das habituais. Na verdade parecia outro estilo, algo muito mais... pop. Agatha observou o irmão mais atentamente. Ele não parecia estar gostando nada. Normalmente ele ficava feliz enquanto tocava, mas hoje parecia estar com raiva. Deveriam estar discutindo antes dela chegar. Estavam discutindo muito ultimamente, não tinha certeza qual era a razão de tantas brigas, mas confiava no irmão e por isso não iria se meter.

Eles se despediram e ela foi falar com o irmão:

- Então como as coisas estão indo? Muitos malucos subindo no palco?

- Não. Aquele foi o único, até agora. Daqui a um mês teremos outro show, quem sabe não aparece outro?

- Onde vai ser o próximo show?

- The Road. Nós vamos testar algumas músicas novas. Ideias do Dereck. Ele quer tentar tornar a banda mais popular. Nós meio que vamos nos vender, entende?

Ele parecia estar buscando alguma aprovação. Não iria ser tão boazinha, mas também não maltrataria o irmão.

- Entendo. Eu acho que você sabe se virar bem e vai fazer o que for melhor para você.

- O problema é que as vezes eu não sei o que é melhor para mim.

Ele estava com muitas dúvidas, mas Agatha não podia fazer nada para ajudar. O irmão tinha talento e ela sabia disso, mas por algum motivo não sentia a mesma coisa pelos companheiros de banda dele. Achava que a decisão certa seria sair dessa banda e procurar parceiros melhores, mas não iria falar isso para ele.

Naquela noite ligou para Meg antes de dormir. Ela estava meio que empolgada. Perguntou o motivo:

- O Ian me chamou para falar sobre música e para tocarmos um pouco juntos. Eu, ele e o Raphael. Acho que eles pretendem me chamar para uma banda.

- Aff... vai dizer que você aceitou? Entrar na banda desse maluco que invadiu o palco. Se você reparar ainda falta um baixista e se ele invadir o próximo show também?

- Calma, calma. Não aceitei nada ainda, até porque ninguém me chamou ainda.

- Você vai recusar né?

- Não sei. Finalmente o Ian está fazendo alguma coisa. Ele toca tão bem amiga, e provavelmente quer ver como que eu estou com a bateria. Não sei o que ele pensa sobre o Raphael, mas eu preferia que eles não estivessem na mesma banda.

- Eu também. O que será que o Ian viu nele?

- Não sei, mas alguma coisa o fez mudar de ideia.

Elas continuaram conversando por mais um bom tempo, falaram sobre muitas coisas e Agatha convidou Meg para o show. No fundo queria que ela e o irmão tocassem juntos, mas não falou nada. Pensou por um segundo na possibilidade do irmão também ir para a banda do Raphael, mas afastou esse pensamento o mais rápido que pôde. Não queria nem imaginar isso, mas tinha certeza de duas coisas. Uma, Meg tocaria junto com Ian. A outra... ela sempre gostou dele...

(Poesia) Recomeço

26 fevereiro 2012

Começar uma história de sucesso é tão complicado
quanto terminá-la, pois nem sempre o fim é o termino
de algo custoso ou ruim
As vezes o fim é a melhor alternativa
para um início glorioso

(Poesia) Reciprocidades

25 fevereiro 2012

A sensação do esquecimento é similar a dor
do abandono...
Como não sentir, uma dor indescritível
ao ser simplesmente deixado de lado
quando tudo que queremos é ser bem quisto
Como devemos agir?
se nossos sentimentos são inversamente proporcionais?
Prefiro pensar que isso é apenas uma fase
Prefiro pensar que meu amor é recíproco...

Resenha - O Festim dos Corvos

22 fevereiro 2012



Vou começar a fazer algumas resenhas, não são resenhas acadêmicas nem nada, só alguns textos dando a minha opinião (de merda vide Matando Robôs Gigantes...) sobre alguns livros que li e achei, por algum motivo, interessante escrever um pouco a respeito.

Então vamos nessa... com... O Festim dos Corvos.

Sabe, começando bem do começo. Gosto da tradução de Game of Trones para Guerra dos Tronos, mas nesse último livro com o incrível e sombrio título A Feast for Crows sendo traduzido para O Festim dos Corvos eu acabei achando meio caído. Pegando uma tradução literal rápida temos: Um Banquete para os Corvos. Mesmo essa tradução horrorosa que eu demorei 2 segundos pra pensar já me soa melhor do que o título nacional. Claro que isso é o de menos e agora sim vamos ao que interessa.

O primeiro choque já vem no primeiro capítulo narrado do ponto de vista de... "O Profeta" que logo descobrimos ser Cabelo Molhado. Um novo recurso usado nesse livro. Alguns (pra ser exato dois) núcleos da história tem o "ponto de vista compartilhado". Sim acompanhamos mais de um personagem em Dorne e nas Ilhas de Ferro. Que acabam se revelando capítulos bem interessantes (ou não).

O outro choque vem depois de alguns capítulos e só é explicado depois do fim do livro. Tirion, Lord Snow, Darvos e Daeneris (desculpe se esqueci alguém, mas tudo bem) ficaram para o próximo livro,para que esse não ficasse gigante. No fim o mistério sobre o paradeiro de Tirion (que está mais entocado que Osama) ficou pra próxima.

Quanto aos personagens que aparecem nesse livro. O meu preferido deles (considerando volumes anteriores da série) é a Arya Stark, mas confesso que dessa vez ela me decepcionou um pouco. Capítulos divertidos, mas pouco inspirados narram a trajetória da menina Stark em direção a não sei o que. O que quero dizer é que os capítulos dela não chegaram a um ponto da história que te deixam com o coração na mão (ou algo assim) como costuma acontecer.

Na contra mão da menina Stark vem o primogênito dos Lannister. Jaime subiu absurdamente no meu conceito. Na verdade eu gosto de histórias sobre esforço e tudo mais. E nosso adorado Regicida passa boa parte do livro treinando com sua querida (e agora única) mão esquerda. Espero que ele se mostre o maior espadachim do reino mesmo com a mão esquerda, o que tenho quase certeza de ser uma esperança infundada, visto o realismo (em certos pontos) da série.

Os capítulos de Sansa são poucos (graças a Deus), provavelmente pelo fato dela estar ilhada no Ninho da Águia. Já as partes da Cersei me irritaram (talvez porque ela me irrite) e por fim os capítulos de Brienne, a Bela são excelentes (na minha opinião novamente). A viagem dela continua nesse volume e as estradas continuam perigosas, fazendo o leitor prender a respiração algumas vezes.

Propositalmente nem citarei os capítulos de Sam... entenda isso como quiser...

Até o próximo livro.

Estrelas: 4,2

(Poesia) Espectativa

21 fevereiro 2012

A tentativa, a vontade, o acerto e o erro
Estão sempre tão próximas e ao mesmo tempo
tao divergentes
Por que sempre temos que fazer uma escolha?
Por que nunca conseguimos a todos agradar?
Sorrisos e abraços nem sempre são suficientes
Todos esperam cada vez mais gotas de sacrifício
Não para o dia de glória
mas sim para o dia de paz



Notas Soltas - Faixa 2

15 fevereiro 2012


Muito obrigado pela paciência, mas aqui está a faixa dois desse álbum. Essa guitarra aí da foto é bem famosa, apesar da perspectiva estilosa acho que ainda dá pra reconhecer. Outra curiosidade é que a música tema desse capítulo (que originalmente não era essa...) na verdade é um cover do Cake. A banda original é o Bread  lá dos anos 70. Até a próxima daqui a duas semanas e espero que gostem. Lembrando que esse conto também está sendo publicado no parceiro Bardo Bêbado às quintas.



Faixa 2 - Raphael (Guitar Man - Cake)

Ele acordou um pouco tonto e com dores em vários lugares do corpo. Não sabia muito bem a que golpe cada dor correspondia, mas isso não fazia elas doerem menos. Tinha certeza de que aquela na costela era o lugar em que a guitarra o atingira antes dele ser expulso do palco. Achava que a bota do segurança era total responsável pela dor em seu abdomen, mas quanto a essa não podia dar certeza total, afinal tinha uma vaga lembrança de ter batido em alguém quando caiu, ou alguém bateu nele, isso também era incerto.

Na sua opinião aquela atitude havia sido totalmente exagerada. Como pôde ser expulso do The Road somente por ter invadido o palco? Afinal ele só queria conseguir um bom baixista e ele sabia que Eduardo seria o melhor que encontraria. Estava justificado não?

Deixou as dores de lado e saiu de casa. Não sabia se isso era seguro no estado em que estava, mas precisava procurar pelo tal do Ian. Ele tinha dito que o ajudaria. Primeiro veio com aquela desculpa estranha sobre não querer ter uma banda. Como assim? Todo mundo que toca gostaria de ter uma banda um dia. Nem imaginava o que o tinha feito mudar de opinião, mas estava grato que as coisas estavam começando a acontecer.

Os últimos tempos não vinham sendo fáceis para ele. Desde que decidira levar a ideia da banda à sério não havia feito nenhum progresso. Todos recusavam, ninguém tinha dado a mínima oportunidade a ele. Nenhuma das pessoas com quem falou tinha ao menos dado a ele a oportunidade de cantar. Talvez esse Ian tenha sido o primeiro a levá-lo a sério. Não eram grandes amigos, mas não podia dizer que eram completos estranhos. Mesmo assim ainda ficava curioso com a súbita mudança de opinião dele.

Sabia bem o primeiro lugar que procuraria. O parque. Ian tinha ido para lá todos os dias desde que o verão começara. Não tinha certeza, mas diziam por aí que ele havia feito isso em todos os verões anteriores, desde que aprendera a tocar. Talvez isso mostrasse que ele não era talentoso, mas sim esforçado. Talvez isso não fizesse diferença nenhuma no fim das contas.

Quando chegou teve uma surpresa. O parque estava silencioso e vazio. Ian não estava lá. Podia estar atrasado, ou quem sabe só evitando Raphael mesmo. Isso não era possível. Ele tinha dito que o ajudaria. Não sabia o que podia estar acontecendo, então esperou ali perto de onde o encontrara no dia anterior. Estava ficando preocupado quando o viu se aproximar com um picolé na mão.

- Se agente tivesse marcado um horário você estaria atrasado.

- Como assim? Eu cheguei antes de você.

- Eu cheguei já faz um tempo. Como teria de parar de tocar quando você chegasse resolvi nem começar e como não tinha mais nada para fazer fui comprar alguma coisa gelada.

“Ele praticamente respira música.” Raphael não sabia como alguém podia ser assim. Se não estava tocando então não estava fazendo nada. Tocar era tudo o que Ian fazia... o tempo todo. Era desse tipo de vontade que precisava.

- Vem comigo. Eu vou te ensinar a tocar.

- Eu não preciso tocar. Eu vou ser o vocalista, você que vai ser a guitarra da banda.

Ian o encarou.

- Todo mundo que pretende ter uma banda precisa entender alguma coisa de música e você, até onde sei, não entende coisa alguma. Outra coisa, não falei que vou me juntar à sua banda. Falei que vou te ajudar. Então... quer ser ajudado?

Não esperava por aquela. Entendera que já tinha encontrado um guitarrista quando Ian falou com ele na porta do The Road, mas parecia que se enganara. Bom, se ele pretendia ensiná-lo algo que o ajudaria a montar a banda, então estaria mais do que disposto a aprender.

- Claro. Vamos logo.

A casa era normal para a classe média. Tinha um quintal de tamanho razoável, dois andares e uma garagem. A família provavelmente tinha um único carro que não estava lá, pois a garagem estava vazia quando entraram nela. Começou a entender quando viu caixas de ovo em todas as paredes.

- Isolamento acústico?

- Eu costumava tocar muito mais guitarra do que violão antigamente e isso incomodava um pouco os vizinhos. Eu e meu pai colocamos essas coisas para abafar o som. Funcionou, não é um isolamento perfeito, mas foi o suficiente.

- Por que hoje em dia você toca mais violão?

- Não sei. Eu ainda toco a guitarra, mas tenho preferido ouvir o som do violão a maior parte do tempo.

Passaram o tempo inteiro praticando. Raphael nem mesmo chegou a ver o resto da casa. Ian passou algumas escalas para ele treinar. Tinham algum nome, mas ele não lembrava nenhum deles. Claro que isso foi depois de falar sobre a posição dos dedos, alguma teoria e muitas correções. Muitas mesmo, mais do que foi capaz de contar. Ian era um professor muito criterioso.

O treinamento foi todo feito em uma guitarra antiga que Ian guardava em casa. Ele falou que seria melhor treinar com a guitarra ao invés do violão, já que o objetivo era criar uma banda de rock. O amplificador esteve desligado uma boa parte do tempo. Até que começaram as escalas e Ian resolveu ligá-lo.

- Acho que se você ouvir como você é ruim agora isso vai te motivar a treinar mais. Para poder aprender mais rápido.

Raphael apenas sorriu sem muita alegria e concordou.

Ensinar parecia diverti-lo. Não sabia o porquê, mas tinha um palpite. Qualquer coisa relacionada à música divertia Ian. Mesmo que nada mais o fizesse.

Quando perceberam o dia já havia passado e era a hora de ir. Ian falou para ele treinar a posição dos dedos sem a guitarra. Não era o ideal, mas iria ajudá-lo.

- Você tem que conseguir a sua guitarra rápido. Praticar em casa sozinho vai te ajudar bastante.

- Você podia me emprestar a sua guitarra para eu poder praticar.

- Verdade. Se você demorar a conseguir uma eu posso te emprestar. Por enquanto sua “air guitar” vai servir.

Foi caminhando para casa, estava começando a entender o que ele queria dizer com aquilo tudo. Realmente seria mais competente como músico se entendesse algo da teoria e se fosse capaz de tocar algum instrumento. Havia agido de maneira infantil e só agora percebia isso.

Não havia nem chegado na esquina ainda quando ouviu um som de bateria. Gostava do que ouvia. Não havia falado com nenhum baterista até aquele momento, mas agora começava a ter ideias. Falaria com Ian em breve. Se esse cara morava na sua rua não tinha como eles não se conhecerem.