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[Conto] Irmãos - Então Assim Será

11 setembro 2010

“Acaso eu sou o guarda costas do meu irmão?”

Então assim será - Roberto

Como pude ser tão cego? Tive vários avisos desde o início, mas me recusei a ver. Mesmo quando achei que já havia aberto os olhos, eles ainda estavam fechados e só agora percebo isso. Eu poderia ter feito as coisas de outra maneira, poderia ter olhado para minha família antes de me preocupar com a família os outros, mas não foi isso que eu fiz e no fim isso não importa mais.

No fim não há a vitória completa. No fim não há salvação. Só exista a culpa e a desilusão. No fim não há felicidade. Ao menos não para mim. Na guerra um lado ganha algumas batalhas e o outro ganha outras, é feito um somatório e se diz que um dos lados ganhou, mas se você parar e pensar bem vai ver a verdade. Não há vencedores no final, apenas sobreviventes que já entregaram tudo que tinham e não querem mais lutar, não querem abrir mão de mais nada. Não querem mais perder, porque todos saíram perdendo.

No fim não há vitória completa. No fim não há vitória de maneira alguma.

Capítulo 10 - Esse é o Fim

10.1 Tomada da Delegacia

Tudo aconteceu em um piscar de olhos. Em um momento estávamos todos lá tranquilos conversando alegremente por nossas vitórias recentes e no momento seguinte tudo o que podíamos ouvir eram tiros e explosões, que foram rápida e decididamente seguidas de gritos de dor e desespero.

Reagimos o mais rápido que pudemos, organizei as tropas em posição de defesa e começamos a revidar os tiros, enquanto uma equipe tentava remover os civis da rua e impedir que outros se aproximassem, eles estavam sendo cobertos por nós, mas certamente era uma tarefa ingrata.

A luta estava em seu momento decisivo, quem conseguisse impor sua vontade naquele momento teria a vitória. Nesse momento eu finalmente parei para pensar, apesar do golpe ser muito mais severo contra os Cruzados, o que impedia de que esse fosse a única vingança da máfia hoje? Esse pensamento me preocupou mais do deveria.

Separei duas equipes de três membros cada, uma iria a casa do comandante da polícia e a outra iria para a capela de Ian, no fim nos encontraríamos novamente na tomada da casa do Don, tendo provas ou não precisávamos impor nossa vontade ao inimigo custasse o que custasse.

10.2 Ian

Cheguei à igreja e a encontrei silenciosa e vazia, exceto pelos corpos espalhados pelo chão. Eram capangas da máfia. Provavelmente Felipe estivera ali, mesmo assim ainda sentia um mau pressentimento a respeito daquela cena que estava à minha frente.

- Fiquem aqui e protejam o local. Vou dar uma olhada na casa paroquial.

Falei para o resto da equipe e imediatamente me dirigi para a casa de Ian. No caminho encontrei mais corpos de capangas, ninguém realmente importante. Continuei andando passando por cima dos corpos e assim que cheguei à sala pude ver o que eu temia. O corpo de Ian, caído sem vida. Ninguém importante, assim como os capangas, provavelmente apenas uma baixa inesperada na caçada à Felipe.

Assim quem e aproximei, me ajoelhei ao seu lado e rezei pela sua alma e pela vida de Felipe, pelo cenário que se apresentava à minha frente meu irmão estava bem, mas nada era certo. Por fim rezei por minha própria vida.

Sai dali o mais rápido que minhas pernas permitiram e entrei no carro com a equipe. Direto para a fortaleza de Don Vito. O destino escolheu esse lugar para o fim de tudo e eu não iria mais me opor a ele. Nos dirigimos rápida e decididamente para o fim da estoria.

10.3 O Fim do meu caminho

Entramos rapidamente, apenas para descobrir que os guardas já haviam sido neutralizados e o sistema de alarmes desativado. Não gostei nada disso. Para mim isso queria dizer apenas uma coisa: meu irmão já estava lá dentro.

Segui sozinho olhando pelos cômodos da casa, era realmente grande, mas não tive pressa. Não sei o que havia acontecido ali, mas certamente, para o bem ou para o mal, já havia terminado.

Cheguei ao escritório do Don e encontrei o que eu temia. Meu irmão estava caído no chão. Fora baleado na altura do peito.Poucos metros a diante, de costas para mim, estava Don Vito e eu podia ver um rastro de sangue por onde ele havia passao.

- Don Vito, o senhor está preso.

Ele se virou para mim e eu pude ver a faca ainda cravada em seu peito. Suas roupas estavam empapadas de sangue, deveria estar tentando tirar a faca a algum tempo, pois ela continha a maior parte do sangramento e mesmo assim muito sangue já saira pelo ferimento. Provavelmente a ela ficara presa em alguma costela e isso dificultava o trabalho dele.

- Sob qual acusação?

Estava pálido. Estava morrendo. Se aquela faca deixasse o seu peito ele morreria de hemorragia em pouco tempo e mesmo assim ainda estava zombando da policia.

- Assassinato.

- Policial não me faça rir. Seu irmão invadiu a minha casa e tentou me matar. Foi legítima defesa, não há como negar isso.

Olhei a cena novamente. Ele estava certo. Não conseguiria prende-lo e ele fugiria antes de pudéssemos produzir provas para outras acusações, acredito que sairia da cidade e nunca mais voltaria.

A raiva cresceu dentro de mim e não pude controlar os meus atos seguintes. Se eu não pude alcançar meu objetivo, ao menos meu irmão alcançaria os dele, mesmo que ele não estivesse aqui para ver isso acontecer.

- Verdade Don. Agora percebo que deixei me levar pela emoção ao ver meu irmão nesse estado. Peço desculpas. Deixe-me ajuda-lo.

Cheguei perto o suficiente dele e segurei a faca de meu irmão com as duas mãos.

- O que está fazendo?

- Pegando de volta o que pertence a Felipe.

Rapidamente dei um chute em Don Vito que no estado que se encontrava não pode fazer nada para se defender. Ele caiu sobre a mesa que rapidamente foi tingida de vermelho. A hemorragia foi tão grande que ele nem mesmo conseguiu se levantar ou falar mais nada. Nesse mesmo instante me arrependi do que havia feito.

Larguei a faca ali mesmo e saí correndo dali.

Pode não ter sido da maneira que eu esperava, mas minha missão estava cumprida. Não havia mais nada a se fazer. Com esse pensamento eu deixei a polícia e dias mais tarde a cidade. Conforme me afastava pude ver o sol brilhar sobre mim, finalmente a chuva havia parado.

Mesmo que nossos caminhos tenham sido difíceis e tenham nos conduzido a um final amargo, tenho certeza que meu irmão deveria estar feliz, afinal nós realmente matamos o Don.

Sim ele deve estar feliz, onde quer que esteja.