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[Conto] Irmãos - Cassino

08 maio 2010

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Capítulo 2

Cassino

Felipe entrou no cassino e olhou em volta. Escória para todos os lados e conhecia todos eles. Pelo menos todos os que tivessem alguma importância para seus planos. Realmente era uma espécie de espião. Amigão de traficantes, matadores, valentões, seguranças da máfia, cafetões, gangsters e alguns mafiosos, ao mesmo tempo que pretendia acabar com toda aquela corja um por um. Cumprimentou todos por quem passou ao mesmo tempo que sorria. Era um agente duplo e era bom no que fazia. Não tinha medo de ser pego, pois era realmente um deles, era um membro do submundo daquela cidade que afundava cada vez mais na lama. Era um deles e acabaria com todos eles, mataria cada animal de sua espécie em nome do Senhor. Não sabia ainda o que faria depois disso, mas isso não importava realmente, mas se conseguisse chegar tão longe teria tempo o suficiente para pensar.
Sentou na mesa de blackjack e começou a jogar enquanto conversava animadamente com o crupiê e outras pessoas foram se juntando a ele, realmente era um malandro popular que conseguia fazer amizade fácil, afinal era isso que precisava não é? Contatos. Fazia piadas e sorria não se importava em ganhar ou perder, mas normalmente ganhava. Não que ele achasse isso algo tão bom assim, afinal blackjack era simples, só precisava contar as cartas, não é?
Olhou para os lados e viu Tony passando perto da mesa onde estava, provavelmente havia acabado de chegar para pegar o dinheiro das drogas vendidas no cassino. Apesar do dinheiro que vinha do jogo ser transferido via carro-forte, o dinheiro das drogas vendidas ali dentro não podia cair na conta de Dom Vito sem explicação alguma. Se fossem transportados juntos chamaria atenção, então os lucros dos negócios lícitos eram super faturados, mas nada que fosse realmente chamar a atenção de alguém importante e o ilícito era recolhido em diversos pontos e usado para despesas que o pagamento teria de ser feito em cash, como fornecedores de armas, drogas, bebidas e produtos que entravam no país sem pagar imposto. Eu sempre tentei armar pra eles nesse trajeto, mas o problema é que uma porcentagem desse dinheiro vai direto para a polícia. Sabe como é, ninguém vai morder a mão em que come. Ninguém vai colocar a si próprio no banco dos réus.
Tony vinha toda semana recolher a maleta e hoje era o dia. Ele era uma pessoa carismática, uma espécie de relações públicas da máfia, sempre mandado em missões que envolviam contato humano, como o cassino era um negócio lucrativo seria prejudicar os negócios mandar alguém mau encarado para recolher a maleta lá. Realmente Tony era o mais indicado.
Ele deu prosseguimento a sua rotina, bar, bebia umas duas ou três doses, ia ao banheiro, pegava a maleta e saia de lá. Quando estava na segunda dose Felipe se levantou da mesa e disse que iria fumar um cigarro lá fora:

- Joga ai por mim alguns minutos, mas vê se não perde tudo de uma vez. Já volto.

O pessoal sorriu ao seu jeito descontraído, afinal mais ninguém deixava o jogo para outro tendo tanto dinheiro na mesa, mas ele deixava. Levantou da mesa e rumou direto ao banheiro enquanto dentro do bolso do casaco acariciava a máscara de hóquei. Ela era como que um amuleto para ele, como que um símbolo, algo que o protegia, como a máscara do carrasco o escondendo de suas vítimas.
Saiu do cassino e efetivamente acendeu um cigarro enquanto caminhava. Deu a volta no lugar e entrou por uma porta lateral para funcionários, não tinha ninguém vigiando, como ele sabia que não teria. Depois de algumas voltas por corredores pouco usados ele cruzou uma porta que dava ao lado do banheiro. Jogou o cigarro na lixeira e entrou no banheiro. Para sua surpresa Tony já estava lá, se demorasse mais um pouco tudo aquilo teria sido em vão. Ele lavava o rosto calmamente na pia e nesse momento Felipe decidiu agir, mesmo sem a máscara. Passou seu braço pelo pescoço de Tony e apertou impedindo que o ar encontrasse seu caminho até os pulmões de Tony. Arrastou o rapaz até o sanitário, mas antes que chegasse lá ele viu seu rosto pelo espelho e a expressão desesperada de Tony ganhou ares de surpresa ao descobrir a identidade de seu agressor. Com muito esforço um "você" encontrou caminho para fora. Felipe resolveu falar:

- É uma pena você não estar em condições de conversar, então acho que vou iniciar um monólogo, para que você não passe para o outro lado com tantas dúvidas. Primeiro gostaria de dizer que não é nada pessoal. Não que algum dia eu tenha gostado de você ou te considerado uma boa pessoa, veja bem, eu sempre soube que você era um bandidinho nojento e puxa-saco metido a gente boa. Mesmo assim não acredito que você mereça uma morte dessas.

Felipe fez uma pausa, pois Tony se debatia mais do que nunca, já que para o seu desespero e para a sorte de seu algoz ninguém entrava no banheiro. Percebia agora, tão perto da morte, que tudo o que conseguira trabalhando para a máfia não compensava morrer daquela forma, como um negócio, ouvindo as desculpas de seu agressor. Seus olhos ficaram úmidos, mas ele segurou as lágrimas, não daria isso ao homem que estava prestes a assassina-lo.

- Entenda tudo como um tabuleiro de xadrez Tony e você nada mais é do que um peão que está atrapalhando o meu caminho até o rei. Não mais. Aconselho que comece a rezar e que Deus tenha piedade de sua alma. Amém.

Nesse momento o corpo de Tony ficou imóvel. Felipe levantou e jogou a cabeça dele na privada. Tirou uma cruz templária do bolso, ela tinha espinhos nas quatro pontas e era vermelha, representando o sangue que seria derramado. Contemplou a cruz com um ar sério e por fim a jogou no vaso onde estava agora a cabeça do cadáver. Fechou os olhos e rezou:

- Envio ao senhor mais um pecador, que o Senhor me ajude em minha missão, pois ela é árdua e longa. Amém.

Saiu do banheiro e, enquanto refazia o caminho de volta à porta do cassino, acendeu outro cigarro, terminou de fumar e voltou ao cassino. Jogou mais vinte minutos e foi embora do cassino com uma mulher que conhecera na mesa do jogo se não me engano seu nome era Anna.
Dez minutos mais tarde uma emergência no rádio. O homem da maleta de Dom Vito havia sido encontrado morto no cassino. Mesmo antes do rádio informar que uma cruz templária fora encontrada junto do corpo eu já sabia que meu irmão mais novo era o assassino. O que ele queria com a morte de Tony? Ele era apenas um bandido de segundo nível, não condizia com o perfil das vítimas anteriores, bom isso não importava agora.
Cheguei em casa e ele não estava lá, não esperava que estivesse. Deitei na cama, fechei os olhos e olhei para o teto por uns instantes enquanto esvaziava a cabeça. Depois disso simplesmente fechei os olhos e adormeci.

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