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[Conto] Irmãos - Discussão

03 maio 2010

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Capítulo I

Discussão



Rodei pela cidade sem saber para onde ir. Para ser honesto não queria ir a lugar nenhum. Por onde eu passava via mendigos nas calçadas, putas nas calçadas, drogados nos becos e traficantes em cada esquina. A cidade estava um lixo. E essa escória era a que menos me preocupava. Os mafiosos tinham a polícia e os políticos em suas mãos, como animais de estimação criados à base de dinheiro, favores e intimidação. Não havia mais nada para ser visto nessa cidade, estava tomada por ratos. Eu ainda acabaria com todos eles.
Não havia mais nada a fazer ali e decidi ir para casa encontrar com meu irmão. Estava explodindo de raiva. Uma raiva que não passaria até eu falar com ele e era isso que iria fazer. Não acreditava que meu irmão era um justiceiro. "Alguém olha por nós nas sombras" havia publicado um jornal antes do editor ser morto pela máfia. Tive de engolir que foi suicídio sem poder prender nenhum daqueles safados. Já chamavam meu irmão de o Templário, por causa da cruz templária que ele deixava junto dos corpos de suas vítimas. "É um enviado de Deus punindo os infiéis" era o comentário geral do povo nas ruas e isso não havia como a máfia silenciar. Eles o temiam, isso era evidente, ao mesmo tempo que era perigoso. Eu aparentemente o único policial honesto em toda a cidade e meu irmão o justiceiro mais procurado na cidade. Que destino estávamos atraindo sobre nós? Cedo ou tarde teríamos a resposta.
Cheguei na rua de casa e ele estava sentado na calçada. Provavelmente querendo evitar conversar na frente da nossa mãe, realmente eu concordava com ele, não queria que mamãe soubesse do que ele andava fazendo. Parei o carro na frente dele e observei enquanto ele se levantava e abria a porta para entrar.

- Felipe.

Falei.

- Roberto.

Ele respondeu.

- Você vai começar a discutir comigo. Vai lá pode começar. Pode perguntar o que eu tenho na cabeça.

- Na verdade eu devo dizer que nas companhias que você anda eu devia estar feliz por você ser um justiceiro e não mais um capanga de um figurão qualquer. Se bem que essa pergunta me passou pela cabeça realmente. Diga para mim irmão, sem desculpas, esquivas ou mentiras. O que você tem na cabeça?

- Alguém precisava fazer algo por essa cidade e eu resolvi começar. Já que a polícia não faz nada para mudar o caos em que nos metemos, nem mesmo você irmão. O único em que confiei por toda a minha vida nada fez além de me caçar por todo esse tempo.

- Fui contra a operação Felipe, mas tenho de cumprir ordens. Eles sabem que sou o melhor deles, mesmo não estando de acordo com os crimes que são cometidos dentro da polícia, mesmo assim... não posso descumprir ordens. Você matou pessoas irmão, você cometeu crimes e isso eu não posso negar.

- Não encaro o que fiz como assassinato. Foi necessário e eu fiz. Deus está comigo e guiou minha mão em todos os momentos para que eu não errasse ou cometesse uma injustiça, tenho minha consciência tranquila. Fui apenas um instrumento da raiva divina pelo que está acontecendo nesse lugar. O povo também está ao meu lado e em pouco tempo meu exemplo será copiado.

- E pessoas vão começar a morrer irmão.

- Nunca haverá vitória sem sangue irmão. A cruz é o sinal das minhas intenções e não voltarei atrás em meu propósito até que a cidade esteja limpa ou que eu esteja descansando nos braços do senhor.

Suas palavras eram determinadas e fortes, eu tinha medo delas. Qual seria a força exata delas? Até aonde elas o levariam? Eu tinha medo do caminho que ele tinha pela frente.

- Há sangue em seu caminho irmão, infelizmente nossos caminhos são diferentes, já que estamos indo a lugares diferentes. Tudo que peço é que não morra.

- Deus está comigo Roberto. Pare aqui por favor.

Parei onde ele disse, ele abriu a porta e falou antes de sair:

- Eu te devo uma irmão e vou te ajudar nas suas investigações, já que seus camaradas não vão fazer isso por você. Ian vai falar com você, já que agora terei alguns compromissos e não posso ser visto com um policial.

Ele deu uma piscada para mim e saiu do carro, se dirigiu para o cassino de Dom Vito, falou com o segurança fez algum tipo de piada que agradou muito o gorila e entrou. Então seria assim. Ele continuaria a matar os mafiosos e deixar um rastro de sangue por onde passasse e não se importava que esse sangue fosse de pessoas inocentes. Nesse momento voltou a chover, afinal sempre chovia nessa cidade.

Voltei a circular pela cidade fingindo fazer uma ronda, mas na verdade não conseguia parar de pensar em meu irmão. Felipe. Estava com medo por ele. Eu não era realmente religioso como ele, mas a partir desse momento rezava para que Deus estivesse conosco. Rezava para que limpasse o sangue que meu irmão deixaria pelo caminho, mas aquela chuva só parecia atrair mais e mais sangue.

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