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Especial de Halloween - Minha História de Sucesso I

30 outubro 2011


Parte I - Sucesso x Fracasso


Não acredito como pude me enganar tanto. Raiva, isso é tudo que posso sentir. Não posso acreditar como as pessoas tem a capacidade de se iludir, não posso acreditar como as pessoas gostam de se cegar para certas coisas e se importar tanto com outras. Você já deve estar achando que sou louco ou ao menos um fracassado. Talvez eu seja um fracassado mesmo, se você considera a acumulação de capital como critério para sucesso ou fracasso. Só que nesse caso você é um otário. Apenas mais um na corrida dos ratos. Enfim não importa. Desculpe pelas ofensas, acho que eu me exaltei um pouco.

Como posso dizer isso. Bom, eu tinha dinheiro. Um bom emprego. Uma boa mulher e filhos. Uma família respeitável e bem sucedida. Não sei o que aconteceu, mas tudo isso desmoronou, como um castelo de cartas. Eu perdi meu emprego e minha esposa querida me deixou. Vadia interesseira. Não confie em mulheres esse é o conselho que eu te dou, não que você tenha pedido nada. Na verdade nem posso realmente culpá-la. Afinal a mãe falou que ela estava certa em me deixar, já que eu não era nada além de um desempregado quem nem para sustentar a casa servia mais. Apenas mais um cara que levou uma porrada da vida e não conseguiu se levantar. Em resumo um fracasso. Velha safada. As crianças foram embora com a mãe e eu fiquei sozinho.

É deprimente eu sei. Confesso que cheguei a pensar em me matar, mas ia dar muito trabalho para muita gente e eu não aguentei pensar na minha ex-sogra falando mal de mim no meu enterro. Sim eu não me dou bem com a velha, mas e daí? É isso que se espera que sogra e genro façam né? Sim claro que há exceções, mas não é esse o caso aqui.

Sabe eu não leio pensamentos, mas se tivesse que chutar o que você está pensando sobre o futuro dessa história eu diria que você acredita que eu encontrei um bom emprego, uma nova esposa que me ama de verdade e que tem uma mãe que se entende bem comigo. Depois disso vivemos felizes para sempre. Desculpe te desiludir, mas essa não é uma história tão feliz assim.

Tudo começou a mudar para mim quando reencontrei um antigo amigo que não via a muito tempo. Ele é uma pessoa respeitável, como eu costumava ser. Tem mulher e filhos. Tem dinheiro e sustenta a família e no final isso é tudo que importa. Mundo de aparências maldito. Eu devo dizer que ele se mostrou um bom amigo, diferente de muitos, de início ao invés de mostrar o famoso interesse fingido como muitos hipócritas fazem ele me tratou como igual. Falou que já esteve em minha situação e que podia me ajudar. Bastava ele me apresentar as pessoas certas e em pouco tempo minha vida mudaria. Eu nem imaginava como.

Ele começou a me apresentar gente de todos os tipos. Tá de todos os tipos ruins na verdade. Não me lembro de nenhum que eu possa dizer que considerei boa pessoa, mas nessa altura de minha vida posso dizer que já não estava ligando muito para isso. Afinal quando você perde tudo em algum momento seus princípios também te abandonam. Fui o mais simpático que pude, até porque negócios são negócios e para muita gente eles são tudo na vida e para mim estava começando a ser também.

Falei com meu amigo e ele me disse algo que me marcou. “E você acha que alguém se importa realmente com isso hoje em dia? Os ganhos compensam os riscos. Isso que importa.” Esse passou a ser o meu lema. Não que eu me importasse antes, mas ainda tinha um certo receio até aquele momento. A minha resposta foi bem simples. “Eu quero trabalhar com você.” Eu queria poder dizer que me arrependo disso para tentar livrar minha alma da perdição, mas a verdade é que eu não me arrependo. Ver o lado ruim das coisas fez até me sentir uma pessoa melhor. É claro que existir pessoas piores do que eu não me faz realmente bom, mas eu gosto de me iludir. Sei lá, faz bem pra uma parte de mim que ainda se importa com alguma coisa.

O meu primeiro trabalho foi como “agente de modelos”, ou era isso que eu falava para todos. Eu procurava garotas na noite de fato, mas se elas realmente iam se tornar modelos? Duvido bastante. Na verdade hoje em dia tenho certeza que não, mas na época era só uma suspeita. Teve uma vez que até cheguei a sentir pena, mas passou rápido. Era uma garota, devia ter uns dezoito, sei lá não sou guarda e nem segurança pra pedir identidade. Eu falei com o grupo de amigas sobre como elas eram bonitas e como poderiam se dar bem como modelos, figurantes, quem sabe até atrizes se tivessem talento. Todas empolgadíssimas, menos uma delas que não estava muito feliz com a idéia. Queria ligar para casa, estava cansada e não compartilhava desse sonho louco de fama e dinheiro. Eu pessoalmente também não, só a parte do dinheiro já me deixa feliz. O fato é que as amigas não puderam deixar barato e começaram a falar e falar. Mulher quando começa não para mais. Depois de algum tempo ela cedeu. Foi nessa hora que comecei a sentir pena.

Levei o grupo para o lugar combinado, uma reunião com os caras poderosos da agência. Ou isso que elas pensavam, eu sabia que eram pessoas que não fariam nenhum bem a elas, mas pagavam meu salário. Pessoas que pagavam para que eu enganasse outras pessoas e isso eu fazia muito bem. Sabe o segredo de tudo é a prática. Eu poderia te dar os passos aqui, mas você só iria aprender mesmo praticando, enganando.

Quando a garota saiu do carro para entrar no belo prédio de onde provavelmente não sairia ela olhou para mim. Como que pedindo que a impedisse, dissesse que ela não servia para aquilo e que não era para ela ir. Quase fiz isso, fiquei com pena mesmo, mas nessa hora passou uma mulher. Cara que mulher e ela olhou para mim. Claro que olhou, eu estava saindo de um Porshe e vestindo um Armani. Que mulher não olharia? Acredite, ainda teria algumas que não olhariam. É mesmo, a garota quase me esqueci. Ela percebeu que minha atenção já não estava mais nela e como todas tem seu orgulho, ela seguiu as amigas. Pior para ela.

Algum tempo depois eu descobri o nome dela em alguma lista de desaparecidos. Não que eu fique procurando essas coisas ou fuçando coisas desse tipo, mas sabe como é o subconciente, às vezes prega umas peças na gente. Não sei o que aconteceu, mas eu fiquei com vontade de ter a decência de ligar para a família e avisar que sua filha não voltaria para casa. Nunca mais e que eu tinha alguma responsabilidade nisso, mas você sabe o que dizem sobre vontade. É coisa que dá e passa. Realmente passou. Assim que eu entrei no meu porshe passou repentinamente. Quando eu cheguei ao futebol com os amigos eu já nem lembrava do assunto. Veja bem, amigos eu digo no sentido figurado. Todos só estão lá pelo dinheiro, afinal algumas pessoas entendem errado, mas não eu.
Foi nessa época que eu fui promovido. Vamos dizer assim. Meu amigo me levou para a sala onde aconteciam as tais reuniões que eu levava as garotas. Estavam todas mortas. TODAS. Não tinham um ferimento aparente, apenas algumas marcas em várias partes do corpo e eu me lembro a primeira coisa que eu falei. “ Parecem marcas de... presas ou... dentes? Que porra é essa?” Ele me levou a um bar e começou a contar a história toda.

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